Page 112 - Revista Metropolis nº122
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the



               morning


                  show








            A verdade tem sempre um preço, e
            nem sempre é dinheiro. Nos estúdios
            da UBA – agora em transição –,
            cada emissão em direto é mais do
            que um programa: é um campo
            de batalha por poder, reputação e
            sobrevivência. «The Morning Show»
            regressa como um dos grandes
            trunfos da Apple TV+, renovada
            já para uma quinta temporada e
            pronta  a  voltar  a  liderar  conversas
            dentro e fora do ecrã.



                          SARA QUELHAS
               THE MORNING SHOW




                   HISTÓRIA
                                              No ecrã da manhã tudo parece leve,   Ao longo das suas três primeiras
            No coração  da televisão matinal   mas por detrás das câmaras trava-  temporadas, «The Morning Show»
            americana, «The Morning Show»     -se a guerra mais dura: quem decide   afirmou-se como uma das séries de
            acompanha  Alex  Levy  (Jennifer   o que chega ao público decide tam-  referência da Apple TV+. Não ape-
            Aniston) e Bradley Jackson (Reese   bém como o mundo se entende a   nas pelo brilho do elenco de estre-
            Witherspoon), duas jornalistas que   si próprio. Séries como «The News-  las, mas sobretudo pela forma como
            disputam influência e cumplicidade   room» e filmes como «Escândalo   soube agarrar os temas quentes do
            num ambiente onde cada emissão    na TV» (1976) já tinham explorado   nosso tempo e transformá-los em
            em direto é palco de poder,       esse território, entre o idealismo e   drama televisivo de alto impacto. A
            escândalo e sobrevivência. Ao longo   o espetáculo. «The Morning Show»   série não se limita a entreter: abre
            das primeiras três temporadas,    acrescenta uma nova camada: mer-  debates sobre assédio no trabalho,
            a série expôs de frente a cultura   gulha na vulnerabilidade dos pró-  manipulação da informação, pan-
            tóxica das redações, a pressão da   prios apresentadores e na mecânica   demia e concentração do poder me-
            pandemia e a tentativa de uma     de um império mediático em colap-  diático. Cada nova temporada traz
            gigante  tecnológica  tomar  as   so. Desde que estreou em 2019, a   consigo uma onda de comentários,
            rédeas da UBA. Agora, a quarta    série tem vindo a expor, sem filtros,   críticas e teorias que rapidamente
            temporada abre um novo tabuleiro:   as fragilidades e contradições do   invadem as redes sociais e fóruns
            velhas feridas são reabertas, novos   jornalismo contemporâneo. Mos-  online, transformando-a num fenó-
            protagonistas entram em cena e a   tra como escândalos internos, am-  meno cultural que ultrapassa o ecrã
            luta pela verdade promete ser ainda   bições pessoais e dilemas éticos se   e alimenta discussões sobre o futu-
            mais implacável.                  misturam com a pressão diária de   ro do jornalismo.
                                              informar em direto, lembrando-nos
                                              de que por detrás das câmaras estão   Mais do que abrir a cortina sobre os
                                              pessoas sujeitas às mesmas falhas e   bastidores de um programa mati-
                                              tentações que procuram denunciar.  nal, «The Morning Show» expõe as


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