Page 105 - Revista Metropolis nº122
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coube a vez a Dion Beebe, com quem tante da história do cinema, com a Quais as principais diferenças que
conversámos numa das praias de Can- passagem da película para o digital. sentiu?
nes. Como é que viveu essa transição? Dion Beebe: O digital mudou tantas
Dion Beebe: Estes últimos vinte ou coisas na técnica de como capturamos
Qual a relevância de receber um pré- trinta anos têm sido muito interessan- as imagens. Não mudou as histórias que
mio como este? tes. Quando saí da escola de cinema e contamos, mas permitiu-nos fazer coisas
Dion Beebe: Trabalhei com lentes An- comecei a trabalhar, fui testemunha que não conseguíamos com a película.
genieux quase toda a minha carreira, de um grande período de inovação. As Em filmes como o «Collateral» ou o «Mia-
desde que comecei. E este prémio tem câmaras tornaram-se mais compactas, mi Vice», o digital permitiu-me trabalhar
uma enorme herança, um enorme lega- o stock de filme tornou-se mais rápido. em condições de muito pouca luz, o que
do. O prémio tem muito significado por Senti essas mudanças, à medida que ia permitiu trazer outro tipo de linguagem
estar associado a uma companhia como entrando na indústria. Mas o que não visual à forma de contar uma história.
a Angenieux. E quando olho para a lista poderia imaginar era esta revolução
dos anteriores premiados, é uma grande do digital. Mesmo quando fiz o «Colla- Hoje podemos fazer um filme inteiro
honra ser incluído nesse incrível grupo teral» [foto], o meu primeiro filme em com um telemóvel, o que parece de-
de artistas. digital, não imaginava todo o tipo de masiado fácil. O que diria aos jovens
alterações que o digital ia ocasionar na que começam hoje a trabalhar na sua
Começou a sua carreira na década de indústria e em especial para o metiê da área?
1990, num momento muito impor- fotografia. Dion Beebe: Hoje a fabricação de ima-