A RTP1 estreia hoje, pelas 21 horas, o primeiro episódio da série «Irreversível». Trata-se de uma criação de Bruno Gascon, com Margarida Vila-Nova, Rafael Morais, Laura Dutra e Helena Caldeira nos papéis principais.
Quando Luísa (Paula de Magalhães) é encontrada sem vida numa praia, o quotidiano de uma cidade aparentemente pacata desaba. O acontecimento afeta a vida de várias personagens: Júlia (Margarida Vila-Nova), uma psicóloga destruída depois de uma tragédia pessoal; Sara (Laura Dutra), a pessoa mais próxima da vítima, uma voz ativa contra o bullying que sofria; Pedro Sousa (Rafael Morais), um inspetor perturbado que vê a sua capacidade racional enfraquecida; e os pais Anabela (Ana Cristina de Oliveira) e Henrique (Pedro Laginha), com quem Luísa não tinha a melhor das relações.
Navegando entre a dor e a culpa, «Irreversível» oferece um thriller policial complexo, que combina um mistério violento com uma sociedade em ebulição. Da homofobia à adoção ilegal, passando pelo abuso infantil e pela nem sempre fácil realidade escolar, a série da RTP1 constrói um contexto duro e exigente, onde a perceção do espectador é testada episódio após episódio. Além da teia social sufocante, a trama é também pautada por tramas do passado, que tardam a ser totalmente revelados. Não obstante, personagens como Júlia e Pedro deixam sinais e ajudam a antecipar que algo se passou e os marcou irremediavelmente.
À imagem de dramas policiais sombrios e densos, como «The Killing» ou «Bron/Broen» [The Bridge], «Irreversível» balança a storyline de crime com os impactos pessoais na realidade de várias personagens, aumentando a dimensão da narrativa, ao mesmo tempo que sustenta uma equilibrada e bem construída crítica social. De seguida, tem o desafio de desenvolver bem essas sublinhas, para que no final da série o esquema faça sentido e as dúvidas da audiência tenham uma resposta determinante, ou pelo menos sugestionada.
O elenco é forte e conhecido, apoiado por um argumento bem estruturado, que vai colocando as peças no tabuleiro de xadrez que é «Irreversível». E há mais do que um mistério à espreita. Enquanto Júlia contacta com casos brutais de violência infantil, e tenta lidar com o rescaldo do homicídio de Luísa, Rita (Helena Caldeira) procura o filho bebé levado por uma assistente social que o parece ter “apagado” do sistema. Mas jornadas aparentemente solitárias encontram companhia na dor, na linguagem universal que é o amor, cujos limites são questionados ao longo da trama. Até onde se pode ir, afinal, por amor?