Christopher Nolan foi muito longe em «Interstellar», levando a narrativa da ficção científica para um território nunca explorado, o da física quântica. Este é um filme enraizado no drama pessoal de um astronauta, que parte das raízes, daquilo que liga os humanos, para chegar aos confins do infinito, dobrando a nossa capacidade de entendimento até aos limites. Já não há sequência lógica nem cronológica (algo que realizador sempre gostou de subverter), nem relação compreensível entre espaço e tempo. As diferentes realidades e dimensões tocam-se, o passado, presente e futuro sucedem por ordens muito diversas. A essência humana é o que está no centro deste universo cinematográfico que ele explora num filme que é construído como um buraco negro onde nos redescobrimos. Compreender isso é a forma de nos deixarmos tocar por «Interstellar».

Título Original: Interstellar Realização: Christopher Nolan Elenco: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Ellen Burstyn, John Lithgow, Timothée Chalamet, David Oyelowo, Wes Bentley, Michael Caine, Casey Affleck, Matt Damon Duração: 169 min. EUA/Reino Unido/Canadá, 2014

[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº51, Julho 2017]