Com a seleção de Kleber Mendonça Filho para a competição oficial de Cannes, em 2025, com «O Agente Secreto», a longa-metragem que rendeu o Prémio do Júri ao cineasta na edição de 2019 do festival de maior prestígio mundo, «Bacurau», volta a ganhar holofotes. Em França, o filme, codirigido por Juliano Dornelles, ganha novas montras no streaming, ao entrar na grade de plataformas como a Rakuten TV, a Apple TV e a Prime Video da Amazon. A edição da revista “Cahiers du Cinéma” dedicada à fita, na reportagem de capa chamada “O Brasil de Bolsonaro”, volta a ser citada pela crítica do Velho Mundo. Visto por cerca de 720 mil pagantes nas salas de exibição, o thriller pernambucano foi ainda imortalizado no mercado editorial de língua portuguesa, com a publicação do seu guião no livro “Três Roteiros”, da Companhia das Letras.

Há seis anos, o mundo conheceu a cidade de Bacurau e o seu slogan – “Se vier, que venha em paz” – numa projeção no Palais des Festivals de Cannes, de onde a película saiu laureada, em vitória ex-aequo com o francês «Os Miseráveis», de Ladj Ly.
   
No livro da Companhia das Letras, o argumento de «Bacurau» divide páginas com os guiões de «Aquarius», que lutou pela Palma de Ouro em 2016, e «O Som ao Redor», que ganhou o Prémio da Crítica da Fipresci, a Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica, em Roterdão, em 2002. Kleber escreveu um texto para essa edição da Companhia das Letras e conseguiu um ensaio de leitura obrigatória assinado pelo crítico Ismail Xavier.


Em Cannes, risos nervosos, suspiros de assombro, fãs apaixonados e um aplauso num twist marcaram a projeção na Croisette de «Bacurau» [foto], cuja trama se passa num futuro próximo, com drones em forma de discos voadores. No enredo, o local de onde o filme tem o seu título emprestado desaparece do mapa depois da morte de uma ilustre moradora. O desempenho de Silvero Pereira, como o criminoso Lunga, um dos habitantes de maior fúria da cidade, inflama as telas com urros, fúria e sangue, numa narrativa com ecos de «Mad Max» e de Walter Hill («Warriors – Os Selvagens da Noite»). Wilson Rabelo é quem mais se destaca, no papel do professor das crianças de Bacurau: é ele quem se dá conta de que o lugarejo desapareceu da cartografia brasileira. Esse desaparecimento condiz com a chegada de um par de forasteiros de moto (Antonio Saboia e Karine Teles) e o início de uma onda de mortes ligadas a um grupo de estrangeiros chefiados por Michael, papel do mítico ator e modelo alemão Udo Kier, num desempenho impecável. Na versão brasileira, Kier é dublado por Mauro Ramos.


Cannes prossegue até o dia 24 de Maio, quando o júri presidido pela atriz Juliette Binoche vai anunciar o vencedor da Palma de Ouro. O Brasil vai à caça dela, à luz de Kleber, com «O Agente Secreto» [foto], que tem Wagner Moura como protagonista. O astro da série «Narcos» encarna Marcelo, um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz. Ele logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura. Ao lado de Wagner estão Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Hermila Guedes, Thomás Aquino, Alice Carvalho, Edilson Filho e o alemão Udo Kier. O filme é uma coprodução Brasil (CinemaScópio Produções), França (MK Productions), Holanda (Lemming) e Alemanha (One Two Films) e terá distribuição no Brasil da Vitrine Filmes.



Pátria homenageada do Marché du Film (a ala de negócios de Cannes) deste ano, o Brasil terá vez ainda na seção Classics do festival com «Para Vigo Me Voy!» [foto], um documentário sobre Cacá Diegues (1940-2025) dirigido por Karen Harley e Lírio Ferreira. Disputa ainda o prémio das curtas da Semana da Crítica com «Samba Infinito», de Leonardo Martinelli. Na Un Certain Regard, há uma coprodução da brasileira Tatiana Leite com Portugal, «O Riso e a Faca», de Pedro Pinho. Há ainda a presença do cineasta Marcelo Caetano no júri da Queer Palm de 2025. Esta quarta-feira, Karim Aïnouz passa pela Quinzena com uma série de curtas do projeto Directors’ Factory Ceará Brasil.

foto de abertura: © Victor Juca

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