O principal evento em Portugal dedicado ao cinema e a cultura italiana inicia o seu percurso em Lisboa, de 9 a 17 de abril nas salas do Cinema São Jorge, UCI – El Corte Inglés, Cine-Teatro Turim, Cinema Fernando Lopes e na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.

Destaca-se também que a programação da Festa do Cinema Italiano regressa a Cascais (10 a 16 de abril, no Centro Cultural de Cascais), terá a sua sessão de abertura no Porto no Batalha Centro de Cinema (14 a 18 de maio) e acontece pela primeira vez em Sintra (4, 10, 17 e 18 maio, no Centro Cultural Olga Cadaval).

Este ano a Festa estende-se a um número recorde de mais de 20 cidades. Além das já referidas acrescenta-se: Setúbal (10 a 13 de abril), Alverca (16 e 17 de abril), Beja (15 a 17 de abril), Aveiro (22 e 23 de abril), Funchal (29 e 30 de abril), Figueira da Foz (2 a 5 de maio), Almada (6 a 10 de maio), Coimbra (7 a 11 de maio), Vila Franca de Xira (23 a 25 de maio), Lagos (27 a 31 de maio), Moita (1, 6 e 7 de junho), Loulé (7 e 8 de junho), Leiria (16 a 18 de junho), Abrantes/Sardoal, Barreiro, Braga, Évora, e Odemira. Outras cidades poderão juntar-se nas próximas semanas a este circuito.

O PROGRAMA

Após uma infância despreocupada e uma adolescência turbulenta, a Festa do Cinema Italiano atinge finalmente a maioridade através de uma programação ousada e consciente.

Paradigmática nesse sentido é a escolha dos filmes de abertura e de encerramento desta 18ª edição do festival, que abordam temas centrais para quem acaba de alcançar a maturidade.

A consciência política é tratada em A Grande Ambição (Itália, Bélgica, Bulgária, 2024), o belíssimo filme de abertura de Andrea Segre sobre Enrico Berlinguer, o muito estimado e aclamado secretário do Partido Comunista Italiano e a sua luta para encontrar a todo custo um compromisso entre as diversas e opostas forças da vida parlamentar italiana. A sessão de abertura terá lugar dia 9 de abril às 21h30 no Cinema São Jorge, e conta com a presença do realizador.

Da mesma forma, os dezoito anos marcam também a chegada da exploração livre da própria sexualidade, uma liberdade encarnada no filme Diva Futura – Cicciolina e a Revolução do Desejo, por Cicciolina, Moana e todas as estrelas porno da agência de espetáculos de Gianni Schicchi que, a partir dos anos 80, revolucionaram a forma como o sexo era visto e considerado em Itália.

Diva Futura – Cicciolina e a Revolução do Desejo (Itália, 2024) de Giulia Steigerwalt será o filme de encerramento da Festa do Cinema Italiano em Lisboa com exibição marcada para o dia 17 de abril às 21h30 no Cinema São Jorge.

Entre política e pornografia, surgem então propostas de programação muito diversas, que tornam o festival, também neste ano, rico e aliciante para todo tipo de público.

ANTE-ESTREIAS

Entre as ante-estreias do festival, além dos já mencionados filmes de abertura e encerramento, citamos dois grandes sucessos de bilheteria italianos deste ano: a ante-estreia a 10 de abril no Cinema UCI El Corte Inglès do melodrama feminino Diamantes (Diamanti), de Ferzan Ozpetek, sobre os laços humanos e criativos num atelier de figurinos para cinema; e a 12 de abril no Cinema São Jorge LoucaMente (Follemente), de Paolo Genovese — o aclamado autor de Amigos, Amigos, telemóveis à parte — que aqui se aventura numa divertida adaptação para adultos de Inside Out.

Há também espaço para o cinema de autor com O Último Padrinho (Iddu), que leva à tela a história de Matteo Messina Denaro, o último chefe da Máfia capturado em 2023 após quase 30 anos em fuga. Os protagonistas do filme são dois maiores atores italianos da atualidade, Elio Germano e Toni Servillo, e os dois realizadores, Antonio Piazza e Fabio Grassadonia, estarão em Lisboa a 11 de abril e em Cascais a 12 de abril para apresentar o filme.

Do Festival de Cannes chega a 13 de abril Marcello Mio, de Christophe Honoré, uma divertida e surreal comédia em que Chiara Mastroianni decide viver como se fosse o seu pai. Um filme de cinefilia pura e amor paterno.

Ralph Fiennes e Juliette Binoche encabeçam o elenco internacional de O Regresso de Ulisses (Itaca – Il Ritorno), de Uberto Pasolini, que revisita as façanhas de Ulisses, de Homero, na sua jornada para se reunir com Penélope, e cuja ante-estreia está marcada para 15 de abril. Por fim, o grande sucesso da crítica de cinema italiano deste ano é exibido a 14 de abril no Cinema São Jorge: Vermiglio, de Maura Delpero, vencedor do Leão de Prata no Festival de Cinema de Veneza e candidato italiano ao Óscar.

Uma sessão especial a 12 de abril é dedicada ao controverso Food For Profit – o negócio da comida, de Giulia Innocenzi, um documentário sobre as dinâmicas de poder que controlam a indústria da pecuária intensiva na Europa. Em Itália, este filme alcançou um sucesso inesperado, demonstrando o enorme interesse do público por estes temas de foro ambiental e político. A realizadora Giulia Innocenzi estará em Lisboa no dia 12 e no dia 13 de Abril também em Cascais para apresentar o seu documentário.

COMPETITIVA

O programa da Competitiva, reúne cinco primeiras e segundas obras numa competição para o Prémio do Júri de melhor filme do festival.

São estes: O Lugar do Trabalho (Itália, França, 2023), a poderosa estreia na realização do ator Michele Riondino, vencedora de 5 Nastri d’Argento e 3 David di Donatello; Diciannove (Itália, Reino Unido, 2024) de Giovanni Tortorici, produzido por Luca Guadagnino, com quem Tortorici colaborou como assistente de realização e que aqui evoca o diário de Elio em Chama-me Pelo Teu Nome; Familia (Itália, 2024), de Francesco Costabile que se destacou pelo desempenho arrebatador de Francesco Gheghi, vencedor do Prémio de Melhor Ator no Festival de Veneza; Anywhere anytime (Itália, 2024), Milad Tangshir, uma narrativa crua e poderosa, que remete para o neorrealismo clássico de Ladrões de Bicicletas, numa versão moderna e comovente; e Paternal Leave (Alemanha, Itália, 2025), de Alissa Jung, na sua primeira longa-metragem onde explora a frágil esperança de reconexão e cura, numa história crua e emocional sobre família e redenção, com Luca Marinelli como protagonista.

AMARCORD

Também este ano, a secção Amarcord do festival apresenta uma magnífica oferta dedicada à redescoberta do património cinematográfico italiano.

Retrospectiva de Antonio Pietrangeli na Cinemateca Portuguesa

A programação geral começa dia 1 e vai até 23 de abril com Antonio Pietrangeli, esse desconhecido, uma retrospectiva organizada pela Cinemateca Portuguesa renovando uma vez mais a colaboração com a Festa do Cinema Italiano. Pietrangeli é um dos nomes mais sensíveis e perspicazes do cinema italiano, cuja obra marca a transição entre o neorrealismo e a commedia all’italiana. Esta iniciativa permitirá rever no cinema a totalidade dos filmes de Pietrangeli, muitas vezes unidos pela atenção cuidada e pela poesia com que retrata as personagens femininas, como em Io la conoscevo bene (1965), com uma maravilhosa Stefania Sandrelli; Adua e le sue compagne (1960), sobre o mundo da prostituição; e La visita, com Sandra Milo num dos seus papéis mais célebres.

100 anos de Mastroianni

Já Mastroianni 100 reúne diversas iniciativas para comemorar o centenário de uma das maiores estrelas do cinema italiano, Marcello Mastroianni.

A secção Pereira sono io! é o espaço que a Festa do Cinema Italiano dedica à forte ligação que o ator italiano estabeleceu com Portugal, especialmente no final da sua longa carreira. Roberto Faenza estará em Lisboa para acompanhar a projeção a 16 de abril de Afirma Pereira (Sostiene Pereira, 1995) e a estreia mundial de um documentário feito para o 30º aniversário desse filme.

Também é exibida, a 17 de abril, a versão integral do documentário Mi ricordo, sì io mi ricordo, de Anna Maria Tatò, um verdadeiro testamento artístico e espiritual de Mastroianni, filmado em Portugal durante as gravações de Viagem ao Princípio do Mundo (1996), de Manoel de Oliveira, a última aparição do ator italiano em tela.

Paralelamente, uma exposição fotográfica imortaliza esse percurso, oferecendo um registo visual único da sua ligação a Portugal. Uma viagem cinematográfica e fotográfica ao universo de Mastroianni, em parceria com a Jean Vigo International, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Maria José de Lencastre Tabucchi e a Fundação Mário Soares e Maria Barroso.

A Festa do Cinema Italiano homenageia também o “divo” italiano através de uma seleção das grandes interpretações de Marcello Mastroianni, como em La Dolce Vita e Una Giornata Particolare, que serão mostradas no Cinema Fernando Lopes entre 11 e 14 de abril.

Para descobrir no Cinema São Jorge, em colaboração com o Arquivo Fotográfico da Cineteca Nazionale, a exposição “Marcello, come here… Cent’anni e oltre cento volte Mastroianni” (Marcello, anda cá… Cem anos e mais de cem vezes Mastroianni) propõe uma viagem envolvente através de imagens em grande formato, oferecendo um retrato fascinante do ator.

La Bella Confusione

La Bella Confusione é o livro do escritor e guionista Francesco Piccolo, que estará em Lisboa a 12 de abril para nos contar um momento épico entre os sets de O Leopardo, de Luchino Visconti, e 8 e ½, de Federico Fellini. Dois cineastas opostos que, durante o verão de 1963, trabalhavam simultaneamente nas filmagens dos seus respectivos marcos cinematográficos, disputando Claudia Cardinale por meio de provocações e rivalidades. Um episódio que resume os incríveis patamares alcançados nesses anos pelo cinema italiano.

FOCUS

A programação da Festa do Cinema Italiano amplia-se este ano, com três focos especiais.

O primeiro sobre Cinema Suíço de Língua Italiana, um programa criado em colaboração com a Swiss Film, o Festival de Cinema de Locarno e a Embaixada da Suíça em Portugal, que permitirá aos nossos espectadores descobrir filmes como La prodigiosa trasformazione della classe operaia in stranieri de Samir apresentado no Festival de Locarno, e o grande sucesso junto do público Bon Schuur Ticino, uma comédia sobre uma revolta fantasma de Ticino contra a obrigação de falar francês.

Por sua vez, Sombras: Histórias de Colonialismo, Solidariedade e Liberdade é um olhar multifacetado sobre os caminhos da colonização e descolonização de Portugal e Itália. Experiências diferentes mas que se entrelaçam surpreendentemente, sobretudo no cinema. Este ciclo, que alterna a videoarte com o arquivo militante, debates com apresentações de livros, não se limita a reconstruir o passado, mas pretende estimular a reflexão crítica sobre o presente, analisando como o colonialismo influenciou as sociedades contemporâneas e a forma como é narrado e representado.

Ópera na Tela explora as relações entre o cinema e uma das expressões artísticas e musicais mais tipicamente italianas, a Ópera. Fá-lo-á trazendo para as telas da Festa do Cinema Italiano obras inesquecíveis como La Traviata (filmada por Mario Martone), La Rondine (por ocasião do centenário de Puccini) e La Forza del Destino de Giuseppe Verdi, abertura da Temporada de Ópera 24/25 do Teatro La Scala.

EVENTOS PARALELOS

A maturidade alcançada pelo festival não limitou, no entanto, o espírito curioso e informal da Festa do Cinema Italiano, que combina, como de costume, uma ampla programação cinematográfica com eventos paralelos, como encontros, leituras, música e gastronomia.

Arranca já no dia 22 de março com uma grande Festa Italiana nos Jardins do Bombarda. Um dia inteiro, completo de música, atividades infantis e educativas, literatura e gastronomia, dando as boas-vindas a todo o público da Festa do Cinema Italiano.

Segue-se o concerto dos C’mon Tigre!, uma das descobertas mais interessantes da música independente italiana. Um coletivo que cruza a pesquisa musical com o cinema experimental e a animação, através de uma combinação de influências que vão do jazz à electrónica, passando pela música brasileira. Os C’mon Tigre! tocam no Musicbox na sexta-feira, 11 de abril.

O humorista e ilustrador Hugo van der Ding será o nosso ilustre convidado a 13 de abril, com um espetáculo sobre o cinema italiano feito através de palavras, desenhos e o acompanhamento musical do Duo Contrasti.

O Instituto Italiano de Cultura de Lisboa promove este ano no Cinema São Jorge as oficinas infantis Piccolini a 12 e 13 de abril, o evento Italiano Per Principianti – aulas de italiano para principiantes a 14 e 16 de abril, assim como a performance da artista italiana Matilde Sambo, a 14 de abril.

Também a Embaixada de Itália colabora na programação da Festa apresentando no dia 17 de abril no Cinema São Jorge o concerto de Mauro Tortorelli e Angela Meluso “Il gran violino a 5 corde racconta il cinema italiano”.

A Festa do Cinema Italiano é organizada pela Associação Il Sorpasso, em colaboração com várias instituições públicas e com o apoio de parceiros privados. Em 2025 o festival conta com o apoio institucional da Câmara Municipal de Lisboa, da Embaixada de Itália, do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, do Instituto do Cinema e do Audiovisual – ICA e da Cinecittà. O BNP Paribas é pela primeira vez patrocinador principal do evento. A FIAT será a viatura oficial da Festa. Tem o patrocínio também da MAPEI e da Generali Tranquilidade. A PLMJ e a Fundação PLMJ são novamente Mecenas do festival. Conta com a parceria estratégica da Lisboa Cultura e a programação conta também com o apoio da CaixaForum+, Embaixada da Suíça, Swiss Films e Locarno Festival.

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