A Max disponibilizou recentemente o documentário «Faye» (2024), revelando um pouco mais sobre o passado e presente da estrela norte-americana. Depois de um sucesso tremendo nos anos 60 e 70, a atriz foi perdendo força e popularidade… O que aconteceu?
Há uma frase do filho de Faye Dunaway, Liam, que marca todo o enredo do documentário realizado por Laurent Bouzereau: após ser uma pessoa normal a tentar ser famosa, a mãe dele passou a ser uma pessoa famosa a tentar ser normal. A frase é impactante porque destaca a fragilidade de Faye, que durante anos ganhou a fama de ter uma personalidade difícil no set – algo que a atriz nunca nega. Além disso, o próprio documentário tem momentos dos bastidores da gravação que denunciam hábitos tidos como menos simpáticos.
Quando ganhou o Óscar por «Escândalo na TV» (1976) [Network], Faye via o seu talento reconhecido e seria de esperar uma nova rampa de lançamento para a atriz, muito popular desde finais dos anos 60, sobretudo graças a «Bonnie e Clyde» (1967). Mas a verdade é que a atriz se aproximava dos 40 anos, e nem sempre era fácil para atrizes dessa idade encontrarem papéis para si – são muito novas para interpretarem avós e já não têm a idade ideal para todos os outros. Por sua vez, também ter vivido Joan Crawford em «Querida Mãezinha» (1981), ainda por cima tão perto da sua morte, não terá sido a melhor das decisões de carreira.
O documentário da Max caminha pelos meandros da carreira de Faye Dunaway, desde uma vida pacata ao vedetismo de Hollywood, passando pela instabilidade na infância e a instabilidade emocional da atriz. Pertencente a todo lado sem pertencer a lado nenhum, a atriz partilha alguma das dificuldades que experienciou ao longo da vida, nomeadamente para manter relações. Um lado inesperadamente frágil, que mostra um pouco melhor o lado menos conhecido de Faye, sem ter problemas em mostrar também uma parte menos “bonita” do seu comportamento.
É irónico que, apesar dos seus papéis marcantes, a atriz seja mais conhecida atualmente pela sua falha nos Óscares quando, ao lado de Warren Beatty, anunciou erradamente «La La Land: Melodia de Amor» (2016) como Melhor Filme. Não obstante, vale a pena revisitar muitos dos seus papéis marcantes, bem como o outro lado de quem com ela partilhou os sets e o corredor da fama. Destaque para as participações de Sharon Stone, Robin Morgan, Mickey Rourke, Barry Primus e Jerry Schatzberg.