«American Symphony» é um documentário que celebra o génio, a carreira e as ideias sobre o mundo em harmonia segundo o talentoso músico norte-americano Jon Batiste. O filme teve a sua estreia no 50.º Festival de Cinema de Telluride, nos Estados Unidos, onde a Netflix em boa hora adquiriu os diretos de distribuição. Jon Batiste é um músico completo, originário de Nova Orleães, adquiriu notoriedade em Nova Iorque onde estudou na prestigiada Juilliard, evidenciando-se como líder da banda no The Late Show com Stephen Colbert em 2015. Além dos acontecimentos que vemos no filme, ainda venceu o Oscar pela sua parceria na composição musical da animação «Soul» (2020), ao lado de Trent Reznor e Atticus Ross.
«American Symphony» tem a particularidade de ter sido criado num ano crucial da vida de Jon Batiste, quando tudo estava a acontecer em 2022: a sua nomeação para 11 Grammys; a minuciosa preparação para um concerto escrito por si para orquestra que celebra a raça e a cultura americana no Carnegie Hall; e o ressurgimento da leucemia na sua companheira, Suleika, após 10 anos de remissão. É um filme de extremos, mas que acaba por consolidar a relação do casal, um acto de sobrevivência que se transforma num processo criativo. O filme é uma proeza em torno do poder da criação, do amor, das dificuldades de coexistir entre a exposição mediática dos palcos e a vida privada num momento altamente angustiante. É quase impossível suster as lágrimas pelo triunfo de Jon Batiste e da esposa perante toda a ansiedade e adversidade que tiveram de enfrentar. A obra foi escrita, editada e realizada por Matthew Heineman, que teve acesso a todos os momentos que provaram ser um teste na harmoniosa e visionária existência de Jon Batiste como músico e como ser humano. É certamente o melhor documentário musical de 2023.
Título original: American Symphony Realização: Matthew Heineman Documentário 94 min. EUA, 2023
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº101, Inverno 2023]
https://www.youtube.com/watch?v=wKSMsdq8ONs