«Um Homicídio no Fim do Mundo» é a nova e cativante proposta da Disney+, dos mesmos criadores de «The AO», uma série de culto que teve um fim prematuro na Netflix. «Um Homicídio no Fim do Mundo» é um thriller whodunit, um subgénero policial que tem estado em voga nos últimos anos, após o sucesso global de «Knives Out».
A trama desta série tem uma jovem no centro da acção. Ela está isolada num retiro de mentes brilhantes nos recônditos da Islândia quando ocorre uma morte suspeita entre os convidados. A nossa heroína, de 24 anos, tem cabelo rosa e um aspecto punk. A tenra idade, e o facto de ser mulher, levam os convidados a fazerem as piores presunções. Ninguém sabe muito o porquê de Darby (Emma Corrin) estar no seio deste concílio porque até à data só publicou um livro de pouco sucesso de vendas mas aclamado pela crítica. Mas o que desconhecem é que no âmago de Darby está a personalidade de uma exímia detective. Desde os 8 anos de idade que Darby acompanha o seu pai (um médico legista) nas autopsias dos cadáveres que eram descobertos. Muitos destes cadáveres acabam por não ser identificados e terminam numa caixa de cartão. Darby cresceu apaixonada por desvendar a identidade das vítimas e os crimes sem resolução através da net e com o auxílio de um grupo de hackers. Podemos concluir que Darby passa despercebida entre os flocos de neve, mas será decisiva para a resolução deste mistério. Ela chamou a atenção de Andy (Clive Owen), um líder tecnológico que reúne ocasionalmente um grupo de pensadores e líderes de diferentes áreas de investigação e progresso. O retiro deseja salvar o mundo do cataclismo iminente da Terra devido às acções provocadas pelo homem. Andy está casado com Lee (Brit Marling), uma das maiores hackers de sempre, que entretanto se afastou destas andanças mas que conhece a reputação de Darby.
«Um Homicídio no Fim do Mundo» tem como ponto de partida a violência contra as mulheres e a tentativa de procurar justiça para as vítimas numa lógica de investigadores no ciberespaço que tentam resolver os casos esquecidos. Apesar desta linha orientadora, a série não é violenta. O enredo acompanha duas narrativas bem distintas, no presente na Islândia e no passado, no Midwest norte-americano. A conectar as duas narrativas Darby e a sua antiga paixão (Harris Dickinson). No passado eles tentam deslindar o enigma em torno de um potencial serial killer que deixou um rasto de corpos de mulheres desconhecidas. É uma oportunidade de entender o peso do sentimento, a astucia e as qualidades de investigadora de Darby. Esta narrativa vai-se cruzando com a trama desenrolada no retiro islandês enquanto o policial se vai adensando e todos se tornam suspeitos.
A série introduz na narrativa a componente de AI com o sidekick de Darby a ser um assistente virtual. É uma espécie de Sherlock e Watson que traz uma envolvência tecnológica à série onde está em jogo o peso do sentimento humano perante o advento das máquinas.
«Um Homicídio no Fim do Mundo» conta com nomes conhecidos como Clive Owen, Alice Braga, Joan Chen e a própria Emma Corrin, que começa também a desbravar caminho com as suas capacidades de deixar o público seduzido pelas suas performances. Emma Corrin é uma actriz do futuro, deu-se a conhecer no papel de Diana, em «The Crown» e «O Amante de Lady Chatterley», e começa a ser cada vez mais uma certeza.
Os criadores da série, Zal Batmanglij e Brit Marling, evitaram cair em lugares-comuns e optaram por uma abordagem muito interessante da alma e do instinto da nossa protagonista principal.
«Um Homicídio no Fim do Mundo» oferece uma prespectiva fresca do policial de investigação, uma espécie de Agatha Christie versão neo-punk.
https://www.youtube.com/watch?v=AnPl4PuNb5U