«A Mesa de Café» tem conquistado o mundo. É um culto instantâneo feito com ultra low budget. É um filme maldito que se tornou viral, teve a bênção de Stephen King (o Papa do cinema de terror/suspense) e foi a estreia mais vista da plataforma Filmin em Espanha. «A Mesa de Café» é terror real daquele que faz mossa e não desgruda da memória. É potente em diálogos fantásticos e humor mordaz. A história envolve um casal, um recém-nascido, uma mesa kitsch de café e uma sorte madrasta que poderia acontecer a qualquer um. No inesperado (de um acontecimento macabro), o espectador é cumplicie e guarda um segredo perante o desespero. A pressão vai-se acumulando para um desfecho arrasador. Mérito total da realização e da história de Caye Casas – mais um talento espanhol para o mundo – minimalista na execução, mas complexo na emoção. Além disso temos duas performances desconcertantes no filtrar do realismo da mãe e o pesadelo do pai, respectivamente, Estefanía de los Santos e David Pareja (protagonista de «Matar a Dios», a primeira obra de Caye Casas). «A Mesa de Café» é um filme profundamente simples e original que abana o sistema. Na linha das obras de Stephen King, que são muito mais do que terror, transforma-se num ensaio sobre o comportamento humano perante o imprevisível.
Título original: La mesita del comedor Título internacional: The Coffee Table Realização: Caye Casas Elenco: David Pareja, Estefanía de los Santos, Josep Maria Riera, Claudia Riera Duração: 91 min. Espanha, 2022
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº108, Julho 2024]