A Grande Ambição narra a história de um homem e de um povo para quem vida e política, privado e coletivo, eram inseparáveis.
Quando um caminho parece impossível, devemos desistir?
Enrico Berlinguer, líder do Partido Comunista Italiano (PCI), o maior partido comunista do Ocidente nos anos 70, não o fez. Movido pela ambição de construir o socialismo na democracia, desafiou os dogmas da Guerra Fria e de um mundo dividido. Durante cinco anos, o PCI tentou chegar ao governo, dialogando com o maior partido do país, a Democrazia Cristiana, quase mudando a história.
A Grande Ambição foi a sessão de abertura da 18ª Festa do Cinema Italiano.
“Parece mesmo outro mundo o dos anos 70, quando um em cada três eleitores italianos votava no Partido Comunista, o debate político tinha uma profundidade genuína e as pessoas pensavam realmente no bem coletivo e não no lucro individual. E é precisamente esse pedaço de Itália, com um dos seus protagonistas mais significativos, que é (finalmente) trazido de volta à memória no grande ecrã, em Berlinguer.
E é precisamente esse pedaço de Itália, com um dos seus protagonistas mais significativos, que é (finalmente) trazido de volta à memória no grande ecrã, em Berlinguer. A Grande Ambição, o novo filme de Andrea Segre dedicado ao histórico secretário do PCI, Enrico Berlinguer.
O filme não pretende ser um filme biográfico tradicional e centra-se num período específico, de 1973 a 1978, quando o secretário do maior partido comunista do mundo ocidental (mais de um milhão e setecentos mil membros e mais de doze milhões de eleitores) amadureceu e perseguiu a sua grande ambição de conciliar socialismo e democracia, procurando o diálogo com a DC no poder: o chamado “compromisso histórico”, para não cair como Allende no Chile.
Realizador de documentários antes de ser realizador de filmes de ficção, Segre baseou-se num meticuloso trabalho de investigação, juntamente com o seu co-argumentista Marco Pettenello, para reconstruir os pensamentos e as palavras de Berlinguer, apoiando-se em biografias, entrevistas a filhos, familiares, colegas de partido e transcrições das reuniões da direção do partido recolhidas no Istituto Gramsci. O resultado é uma reconstituição fiel, quase documental, do percurso para a concretização desta grande ambição (ou grande ilusão) de uma sociedade justa, que insere com fluidez imagens de arquivo, utilizadas com fins didácticos e poéticos (graças também ao meticuloso trabalho de montagem de Jacopo Quadri) e acompanhadas pela música original de Iosonouncane.”
Cineuropa, Vittoria Scarpa

