WWZ: Guerra Mundial

WWZ: GUERRA MUNDIAL

WWZ: GUERRA MUNDIAL

Na origem deste novo blockbuster ‘made in Hollywood’ está a obsessão do actor, escritor e argumentista Max Brooks com zombies. Max chegou a fazer parte da equipa de argumentistas do venerando Saturday Night Live mas, ao contrário dos pais, o comediante Mel Brooks e actriz Anne Bancroft, preferiu afastar-se da comédia e enveredar por universos mais pesados e perigosos e grande parte da sua obra tem tido como foco o universo dos mortos-vivos. World War Z: An Oral History of the Zombie War, publicado em 2006, é o terceiro livro dedicado ao tema, tendo sido precedido por The Zombie Survival Guide e a novela gráfica The Zombie Survival Guide: Recorded Attacks. O livro tem uma estrutura invulgar pois não é mais do que a compilação de depoimentos feitos por sobreviventes do apocalipse zombie registados por um membro de uma comissão das Nações Unidas, cerca de uma década após a erupção da infecção. Esta estrutura permite através dos testemunhos muitos diversos registados à roda do globo dar uma perspectiva abrangente do impacte político, económico, social, ecológico e principalmente humano, da catástrofe trazida pelos zombies.

Agora que os zombies são super-populares, em practicamente todos os aspectos da cultura popular, era inevitável que esta crónica visse uma versão filmada, porém foi preciso uma boa meia dúzia de anos para o filme chegar até nós. Produzido pela Plan B, a produtora de Brad Pitt, o filme tem um argumento de Matthew Michael Carnahan, J. Michael Straczynski, Drew Goddard e Damon Lindelof, que reimaginaram o mundo de WWZ para se adequar ao perfil de Brad Pitt. Pitt é aqui Gerry Lane um ex-membro das Nações Unidas, especialista na resolução de situações complexas em locais de alto risco. Lane e a família são testemunhas em primeira mão do apocalipse zombie, escapando por uma unha negra graças aos contactos de Lane na ONU, que o recrutam para uma missão algo desesperada. O objectivo é descobrir a origem da infecção, e a primeira pista está numa base militar na Coreia do Sul. O filme desenrola-se como uma montanha-russa de emoções onde cada sequência culmina noutra ainda mais espectacular, até à resolução final. Da Coreia, até Israel acabando na Grã-Bretanha, Lane procura desesperadamente uma solução, escapando várias vezes in extremis à fúria das legiões de mortos-vivos.

Visualmente o filme é francamente sedutor, dando aos apreciadores de fogo de artifício digital tudo o que esperavam e talvez até um pouco mais, porém a narrativa revela-se algo fraca e bastante previsível, talvez devido ao compromisso de 4 argumentistas com conceitos nem sempre coincidentes.

Os Zombies estão a milhas dos de George Romero, os de WWZ são primos dos da série Resident Evil ou dos de «28 Days Later», de Danny Boyle, pois são muito rápidos e verdadeiramente imparáveis. Também a esse nível o filme é exímio na criação de monstros tão verosímeis quanto aterradores. O problema é que apesar da excelente premissa, a fita nunca chega a realizar todo o seu potencial, ficando-se por ser apenas mais um thriller energético, assustador q.b., que nos prega, se bem que subtilmente, as virtudes de um governo mundial e a salvação vinda da Organização Mundial de Saúde.

Ao contrario do que a promoção pode levar a pensar este não é, infelizmente, o «Mundo a Seus Pés», do cinema zombie.

Título original: World War Z Realização: Marc Forster Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, James Badge Dale, Matthew Fox, David Morse, Peter Capaldi. Duração: 116 min EUA/Reino Unido/Malta, 2013

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº10, Junho 2013]