TETRIS

«Tetris» é um prazer inesperado. A maioria dos espectadores nunca imaginaria um thriller deste calibre a partir da história verídica da origem do fenómeno de um dos videojogos mais populares de sempre. A narrativa é simples e o argumento fértil pertence a Noah Pink. Sempre que possível, ele introduz algum humor com o grafismo dos jogos dos anos 1980 e as incongruências do sistema soviético por detrás da Cortina de Ferro. A realização pertenceu a Jon S. Baird que acertou na dosagem perfeita entre o drama, o thriller e o espaço de desenvolvimento e condensação dos personagens. Há vários players no filme, os principais são Henk Rogers (Taron Egerton) e Alexey Pajitnov (Nikita Efremov). Duas pessoas de mundos radicalmente diferentes, unidos na sua genialidade, Henk, o visionário que viu o potencial de Tetris e Alexey, o génio que criou o jogo. Estabelecem uma amizade quando Henk entra num processo mirabolante para adquirir os direitos de Tetris que eram detidos pelo estado soviético (Alexey era engenheiro informático do Estado). «Tetris» é essencialmente o encaixe da origem de Tetris (e do advento das consolas de videojogos) e o thriller da Guerra Fria na batalha para adquirir os direitos do jogo com partes interessadas no Japão, Estados Unidos, Inglaterra em palco soviético. É igualmente uma história de homens honestos face a forças poderosas a salivar de ganância e corrupção. Taron Egerton está no ponto, é muito credível no papel, leva o espectador consigo num rol emocional da luta pelo sonho, a família, a justiça e a amizade. Os papeis secundários são um complemento perfeito a esta obra, não me recordo de uma performance fora do sítio, interpretações perfeitas no delineamento dos vários protagonistas que enriquem este delicioso puzzle cinematográfico chamado «Tetris».

Título original: Tetris Realização: Jon S. Baird Elenco: Taron Egerton, Nikita Efremov, Oleg Stefan Duração: 118 min. Reino Unido/EUA, 2023

[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº95, Julho 2023]