Uma faturação estimada em US$ 16 milhões, nas telas norte-americanas, em plena Oscar Season, transformou «Paddington na Amazónia» num farol para a dramaturgia infantojuvenil no circuito de exibição, consagrando sob os holofotes de Hollywood um sucesso que vem do Reino Unido. Até o fecho desta edição, a produção realizada por Dougal Wilson havia faturado cerca de US$ 131 milhões, o que pavimenta de certezas o futuro desta franquia para miúdos.

Há um travo (forte) de Indiana Jones, numa linha de ficção exploratória, cheia de perigos e de armadilhas, em «Paddington na Amazónia». Existem ainda, na sua fórmula, um perfume de family film, numa estética de afetos (parentais). Dougal, realizador respeitado no mundo da publicidade e de videoclipes, faz do filme uma atração ideal para alfabetizar públicos com dentinhos de leite, sem deixar de divertir os adultos. O seu maior feito é oferecer às novas e novíssimas gerações um herói que carrega sob sua ternura toda a tradição comportamental (e literária) do seu país natal, a Inglaterra. Há fleuma, mas com brandura. Nos escritos de Michael Bond, ele inspirou-se num animal de peluche que o autor encontrou à venda numa vitrine de uma loja, estava solitário e evocava a solidão das crianças que foram vítimas de violência na II Guerra, sobretudo os refugiados.

Encarado pelo povo britânico como se fosse o Mickey do Reino Unido, só que mais trapalhão e mais doce do que o rato da Disney, Paddington é um pequeno menino nas telas, mas já é um senhor na vida real. Nasceu a 13 de outubro de 1958 na literatura infantojuvenil, sob a pena do escritor Michael Bond (1926-2017). Protagonizou 29 livros, publicados ao longo de 60 anos, com sucesso nas vendas, o que lhe garantiu ser estrela de duas séries de animação. A polidez do ursinho de chapéu vermelho, impermeável azul e galochas é um verdadeiro modelo.


Em 2014, o personagem ganhou a sua primeira longa-metragem, numa mistura de live-action com cenas animadas, o ator Ben Whishaw deu a voz original deste pequeno herói. O filme, dirigido por Paul King, custou US$ 65 milhões, mas rendeu a impressionante cifra de US$ 318,7 milhões. O êxito repetiu-se na sua (brilhante) sequela, de 2017, que custou US$ 40 milhões e arrecadou US$ 283,7 milhões.

A sua terceira longa-metragem que está cheia de peripécias chegou aos cinemas, «Paddington na Amazónia» está sempre atento às deixas cómicas. Não se ri tanto quanto a Parte Dois, mas há gargalhadas aqui e ali, sobretudo no empenho de Hugh Bonneville a interpretar o patriarca dos Brown, Henry, um super pai que é pau para toda a obra, mesmo sendo desmiolado.   

Com seu colorido (sapientemente) retinto, a fotografia de Erik Wilson acentua visualmente as duas paisagens onde a trama se desenrola: uma Londres chuvosa e a fluvial geografia peruana. É no coração da Pangeia sul-americana que Paddington se aventura a fim de visitar a sua amada tia Lucy (na voz de Imelda Stauton), que agora mora no Lar para os Ursos Aposentados. Parte para lá com o clã Brown, uma vez que Henry é instigado pela sua nova chefe a arriscar-se mais. Uma freira nada confiável, vivida por Olivia Colman, diz a Paddington que sua tia desapareceu e precisa de ser encontrada. É a deixa ideal para que Paddington encare o perigo de frente e se cruze com um barqueiro nada confiável interpretado por um Antonio Banderas que está cheio de graça.

Título original: Paddington in Peru Realização: Dougal Wilson Elenco: Hugh Bonneville, Emily Mortimer, Ben Whishaw, Imelda Staunton, Joel Fry Duração: 106 min. Reino Unido/França/Japão/EUA, 2024



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