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PRAZERES PARALELOS
Em «Prazeres Paralelos» [«Slip»], sensibilidade as múltiplas versões
acompanhamos Mae (Zoe Lister- de quem somos e de quem podería-
-Jones), presa numa relação amo- mos ter sido se tivéssemos tomado
«Prazeres Paralelos» rosa que já não a preenche e que, de outras decisões ao longo da vida.
transforma a crise repente, vê o seu mundo virar do
amorosa numa viagem avesso ao acordar numa realidade Mais do que uma narrativa sobre
por universos paralelos paralela onde tudo mudou, inclu- realidades paralelas, «Prazeres
emocionais, onde cada sivamente a pessoa com quem par- Paralelos» é um estudo minucio-
escolha redefine quem tilha a vida. O que podia parecer so sobre a natureza do amor e a
somos e quem amamos. apenas um truque narrativo de fic- construção da identidade. A série
Criada por Zoe Lister- ção revela-se um poderoso disposi- questiona até que ponto as nossas
Jones, a série estreou, tivo emocional: cada “salto” entre relações definem quem somos e se
em Portugal, nos canais realidades revela novas facetas da o desejo é um impulso constante
TVCine. protagonista e expõe as fragilida- ou uma força moldada pelas cir-
des das certezas sobre o amor, o cunstâncias. Ao confrontar Mae
SARA QUELHAS compromisso e a identidade. Zoe com diferentes versões da sua vida,
Lister-Jones, que assina também a Zoe Lister-Jones convida-nos a
criação da série, recorre ao concei- refletir sobre a linha ténue que se-
to de realidades alternativas não para a autenticidade da adaptação
como fuga ao real, mas como for- – e sobre a inevitável metamorfose
ma de o ampliar, explorando com que ocorre sempre que amamos ou
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