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A FORÇA FRÁGIL DA AMIZADE
RTP PLAY
Whitehill, criadora e argumentista franco e autêntico, longe de gran- média, tragédia, ternura e verdade
de «Big Mood» adiciona-lhe cama- des romantizações e discursos. Tal (que demonstra, mais uma vez, a
das de complexidade e vulnerabi- como as suas protagonistas, «Big versatilidade da atriz irlandesa). E
lidade. À medida que, para o espe- Mood» vive também de amizades que valeu a Coughlan a nomeação
tador, a doença mental de Maggie atrás das câmaras. Camilla Whi- aos BAFTA 2025, em Melhor Atua-
se torna mais evidente e a amizade tehill construiu o papel de Maggie à ção Feminina em Comédia.
com Eddie parece um terreno in- medida da sua amiga de longa data,
clinado, é difícil escolher lados ou Nicola Coughlan (que chegou ao A chegada da série à RTP Play acon-
apontar culpados. E, na verdade, estrelado mundial via Netflix, pri- tece quando, em Londres, a segun-
sofremos pelas duas; pela amizade meiro com «Derry Girls» e depois da temporada de «Big Mood» está
que existe, mas que falha no seu com «Bridgerton»). E em boa hora já em produção, com lançamento
lado pragmático; pelo egoísmo que o fez. Coughlan navega como nin- previsto para 2026. Continuará,
surge quase como inevitável; por- guém no pior e melhor de Maggie. previsivelmente, a explorar o ân-
que, tal como no mundo real, nem Dá-lhe coração e humanismo, sem gulo slice of life, sem grandes fan-
sempre as boas intenções são sufi- cair no facilitismo de desculpabili- farras, nem foguetes. Até porque o
cientes. zações ou diabolizações. Ao longo seu charme está, indubitavelmen-
dos episódios, é uma interpretação te, em todas as entrelinhas que
Tudo isto dá a «Big Mood» um lado crua e pungente, que mistura co- unem o “oito ao oitenta”.
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