Page 143 - Revista Metropolis nº122
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liberdade é ficcional. Diria que simbólico e como espera que considerar uma realidade em que
é um equilíbrio que se faz aos seja recebido pelo público? o poder mudasse um pouco de
poucos e poucos. Não é como um Pandora da Cunha Telles: Na mãos. Não tem a ver com criar
bolo que tem uma percentagem realidade, acho que a História oportunidades idênticas. Na
exata de ingredientes. Acho que é quase sempre contada pelos realidade, todos sabemos que
nas primeiras versões dos guiões vencedores, e nós temos muito houve tantas espias mulheres
havia muitos mais elementos pouco acesso às histórias de como homens, simplesmente não
históricos do que o que ficou na muitas das mulheres que foram temos relatos suficientes sobre a
série. Penso que foram caindo para espias na Segunda Guerra sua Ação. O que fizemos foi apenas
que não se tornasse demasiado Mundial. Temos informações deixar-nos levar um pouco pela
informativo, e para que as acerca da Mata Hari, temos alguns imaginação, e colmatar aquilo que
personagens não fossem didáticas, relatos de outras espias, mas são todos suspeitamos que tenha sido
mas que pudessem entreter mais o poucos os relatos para podermos a realidade, através da ficção.
espectador. construir toda uma série em seu
redor. Além disso, não queríamos Portugal aparece como palco
Disse, na altura de divulgação, fazer uma série documental. Por de tensões e ambiguidades na
que quis criar uma ficção "como isso pensámos, “o que poderia sua neutralidade. Acha que
se todas as grandes decisões ter acontecido? Como fazer uma esta visão pode levar o público
de espionagem tivessem sido série que tivesse tanto poder e a repensar a forma como olha
tomadas por mulheres". O fosse tão sexy, tão tentadora e para esse período?
que representa este gesto tão intrigante?”. Apenas basta Pandora da Cunha Telles:
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