Page 92 - Revista Metropolis nº118
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MICHAELA KELL






            Michaela Kell é o epicentro do   A sua interação com Simone é o   Mais do que uma vilã convencio-
            poder em «Sirens», uma persona-  eixo que move grande parte da    nal, Michaela é uma personagem
            gem que impõe a sua vontade com   trama, marcada por uma dinâmi-  multidimensional que encarna a
            uma mistura inquietante de char-  ca de fascínio e submissão que ul-  ambiguidade do poder: capaz de
            me e autoridade. A sua presença   trapassa o simples jogo de poder.   ser tanto protetora como opres-
            na mansão não passa despercebi-  Michaela sabe como tirar partido   sora. A personagem de Julianne
            da: controla os acontecimentos,   das vulnerabilidades para manter   Moore é um lembrete “em movi-
            manipula as pessoas à sua volta e   o controlo, criando uma depen-  mento” do quão frágil pode ser a
            mantém todos num estado cons-    dência emocional que é quase im-  fronteira entre o amor e a posse,
            tante de tensão.  Michaela  é,  ao   possível de quebrar. Não se trata   e de como o controlo emocional
            mesmo tempo, sedutora e amea-    apenas de exercer domínio, mas   pode ser a forma mais subtil e de-
            çadora, uma força que domina     de remodelar a identidade de Si-  vastadora de violência. Michaela
            pelo magnetismo, mas cuja ver-   mone (e outros), num processo    deixa uma marca indestrutível na
            dadeira natureza se revela apenas   lento e cruel que desafia os limi-  narrativa, definindo o tom som-
            aos poucos.                      tes do afeto e da manipulação.   brio e inquietante da série.







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