Na prequela d’«A Guerra dos Tronos», tal como na série-mãe, todas as ações têm um custo – por vezes demasiado alto. Sem limites e sem moralidade, «House of the Dragon» regressou com estrondo ao streaming da Max.

«House of the Dragon» sucede a um legado pesado, ainda que o final d’«A Guerra dos Tronos» seja de má memória para muitos fãs, mas traz duas das coisas favoritas da audiência: mortes inesperadas e chocantes… e dragões, pois claro. A família Targaryen começou a sua queda no final da temporada anterior, sendo que tudo tenderá a piorar nos próximos capítulos – como sabe quem leu o livro que lhe deu origem ou recorda um dos discursos de Joffrey Baratheon (Jack Gleeson) em GOT.

Enquanto o povo e as Casas não se entendem em relação a quem merece o trono – embora Aegon (Tom Glynn-Carney) o ocupe com a ajuda da mãe Alicent (Olivia Cooke) e do avô, também mão do Rei, Otto (Rhys Ifans) –, Rhaenyra (Emma D’Arcy) sofre em isolamento e Daemon (Matt Smith) anseia pela sua vingança. As missões individuais das personagens conduzem a decisões precipitadas e, na hora da verdade, o peso da culpa cai sobre quem não a tem verdadeiramente. Mas nem por isso deixa de pagar o preço.

Entre confrontos familiares e estratégias pouco estudadas, ambos os lados do conflito desferem “setas” que, mais cedo ou mais tarde, vão custar algo. O ritmo é intenso, com uma definição mais clara da personalidade dos intervenientes, embora não seja nada fácil determinar qual o lado certo ou errado. Não obstante, há protagonistas que despertam “ódio” mais intensamente, como tem sido o caso de Ser Criston Cole (Fabien Frankel), atualmente braço-direito de Alicent e cada vez mais próximo dos seus filhos.

Por sua vez, as regras determinadas pela sociedade são facilmente moldáveis por pessoas em situações de poder, enquanto outras pagam com a vida mesmo sem qualquer ação criminosa. Os acontecimentos sucedem-se e vão tornando a ação mais complexa, em crescimento, sendo impossível – por esta altura – resolver a narrativa sem muito sangue e batalhas épicas. Ainda que, como sabemos, esta saga nos faça esperar consideravelmente pelos momentos de clímax.

Com um argumento bem construído e com alguns twists, «House of the Dragon» cumpre o que promete, sendo que esta temporada consegue ser ainda mais intensa que a anterior. Já não há tempo para explicar o contexto à audiência, é hora de fazer acontecer. A parceria Ryan J. Condal e George R.R. Martin tem rendido frutos e pode marcar o tom dos spin-offs que se avizinham.

[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº108, Julho 2024]

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