«Dune: Prophecy» aborda as origens de uma luta que será milenar. Vamos mergulhar na génese do mau sangue entre a Casa Atreides e a Casa Harkonnen. Os acontecimentos desenrolam-se 10.000 anos antes do nascimento de Paul Atreides das adaptações cinematográficas Dune e dos livros de Frank e Bryan Herbert. A série foi criada por Diane Ademu e John Alison Schapker.
O ponto de partida começa na luta da humanidade contra as máquinas, enquanto os Atreides lançaram-se na batalha, segundo reza a História, os Harkonnen fugiram do campo de batalha como cobardes. Os Harkonnen foram banidos para um mundo desolado. Uma das filhas, Valya Harkonnen (Jessica Barden), considera que este relato saiu das mentiras dos Atreides e fará tudo para mudar o presente, controlar o futuro e rescrever o passado.
No início da série, a jovem Valya Harkonnen é acolhida por uma família de mulheres, uma irmandade – estamos no seio da incepção das Bene Gesserit. «Dune: Prophecy» está relacionado com o primeiro grande desafio desta poderosa irmandade de videntes que perante os ímpetos dos poderosos homens do Universo coube a estas mulheres controlarem os seus destinos. Havendo duas abordagens na irmandade: a diplomacia e a influência junto das Grandes Casas do Império e a forma mais intervencionista (se preferirem, geneticista) onde se conjuga os melhores genes das principais Casas para se encontrar os líderes do futuro.
Há uma cisão na irmandade após a morte da primeira Mãe Superior. Esta mulher tinha sido uma heroína da guerra contra as máquinas e fundou a irmandade. Ela treinou mulheres para serem videntes que eram contratadas pelas Grandes Casas para separar as mentiras da verdade. Após o seu desaparecimento abre-se uma cisão na irmandade, a fação vencedora é comandada por Valya Harkonnen que partilhava da visão da Mãe Superior e que deseja governar minuciosamente o futuro.
A narrativa de «Dune: Prophecy» é uma história de intrigas e elaborados jogos de poder. Surge uma ameaça ao poder da Irmandade e Valya Harkonnen (em idade adulta interpretada por Emily Watson) pressente que tem de intervir junto do Imperador Javicco Corrino (Mark Strong) após a angustiante morte da vidente (Jihae) do regente e o assassinato do noivo da princesa. À espreita está uma premonição, uma rebelião e sempre o interesse das Grandes Casas controlarem, através da violência e da ganância, o verdadeiro Poder: a especiaria que se encontra no planeta Arrakis.
«Dune: Prophecy» é uma prequela com a missão de legado e expansão da mitologia Dune. O método é alicerçado em grandes interpretações de encher a vista com talentosos interpretes aliados a jovens actores. A combinação resulta em pleno. O calculismo dos personagens mais experientes é interpretado por actores de renome como Olivia Williams (a irmã de Valia), Jodhi May (a Imperatriz), Mark Strong e Emily Watson, a estrela da companhia, sumptuosa nesta performance. Os mais jovens têm a beleza, a sensualidade e a impetuosidade do seu lado ao serem interpretados por Sarah-Sofie Boussnina (a Princesa será uma figura chave desta série), Josh Heuston (Constantine Corrino) e Chris Mason (Keiran Atreides). Estes entre outros jovens personagens que certamente se vão evidenciar especialmente na escola das irmãs videntes. Afinal, esse é o lugar onde se planeia o controlo do poder e dos segredos do Império. Travis Fimmel interpreta Desmond Hart, um soldado veterano de Arrakis que após um encontro com o Shai-Hulud (entidade sagrada de Arrakis sob forma de verme gigante das areias) tornou-se profeta e tenciona levar a sua luta até Valya Harkonnen e a sua irmandade… A produção de «Dune: Prophecy» é irrepreensível um tratado para os nossos olhos, o figurino parece saído de um desfile de alta-costura e foi criado por Bojana Nikitovic. O departamento de maquilhagem não se poupou a esforços embora ainda não atinja os níveis de excentricidade dos filmes Dune de Villeneuve mas ainda estamos nos primeiros episódios. Destaque ainda para a direção de arte liderada por Tom Meyer, reparem no detalhe de todos os adereços e cenografia que faz inveja aos filmes Dune. A finalizar, o espantoso trabalho de luz e sombra no trabalho de direção de fotografia que é partilhado em diferentes episódios e a composição sonora de Volker Bertelmann que continua a mexer o espectador no seu assento. Estamos mesmo diante de uma grande série sci-fi e a produção não se poupou a esforços para enviar o espectador para outro universo. Mas apesar de todo o esplendor visual é na representação dos actores que «Dune: Prophecy» conquista a audiência onde são todos peças no xadrez para servirem a perseguição pelo poder da especiaria.