“Brigantus 1 – Banido” é mais uma edição de qualidade refinada da Arte de Autor. É sempre um motivo para acelerar a nossa pulsação quando chega às livrarias uma obra de um dos maiores nomes da banda desenhada franco-belga. Estamos a falar de Hermann (Huppen), ilustrador de clássicos como “Bernard Prince”, “Comanche” e “Jeremiah”. Neste álbum, à semelhança de “Duke”, outra série editada pela Arte de Autor, Hermann junta-se ao filho Yves Huppen.

O argumentista, Yves Huppen, não é estranho ao mundo do cinema e utiliza a banda-desenhada para dar asas à sua imaginação ao lado do desenho do pai que mergulha declaradamente em nuances de chiaroscuro. O resultado visual deixa-nos boquiabertos. Cada página e cada vinheta assume a condição de um quadro digno de exposição numa galeria de arte. A imagem cria a sua própria história e condiciona toda a atmosfera influindo na narrativa do protagonista deste álbum.

s apreciadores do mundo do cinema também podem associar a história de “Brigantus 1 – Banido” a «Centurião» (2010), um filme do realizador de culto Neil Marshall, com a presença de Michael Fassbender. Ambas as histórias (álbum e filme) se desenrolam no mundo dos pictos. A história do primeiro tomo de Brigantus tem como pano de fundo as incursões do Império Romano no norte da Britannia (actualmente o centro e sul da Escócia). É um relato de resistência e violência extrema, onde as forças e as convicções de um homem são testadas ao limite num território altamente hostil. Uma batalha pela sobrevivência, onde o perigo pode vir de todos os lados. O lado visceral e selvagem da vida, o confronto militar versus as emboscadas dos pictos são linguagem franca do primeiro tomo de Hermann e Yves H.

O herói deste livro é o legionário Melonius Brigantus, abandonado à nascença foi recolhido pelas legiões que o tornaram num monstro de guerra, uma figura imponente e de poucas palavras. É igualmente um pária por ser um picto a servir na legião, é odiado pelos seus camaradas de armas e também não é visto com bons olhos pelos indígenas que rechaçam violentamente os romanos. A história desenrola-se numa viagem a este território sinuoso em 84 DC. Entre os pântanos e as brumas, a legião dissipa-se quando se dirige para uma fortificação a norte devido às escaramuças com os pictos. É um desafio sobre-humano, onde só os mais fortes sobrevivem. Aqui, um homem que só conheceu a violência na sua vida irá demonstrar o seu verdadeiro carácter diante da cobardia, a opressão e a maldade num mundo sem luz. “Brigantus 1 – Banido” é sublime na combinação visual e narrativa. Mal podemos esperar pelo segundo tomo.

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