Page 5 - Revista Metropolis 123
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                                                           METROPOLIS
               DIRECTOR                                    JULIA ROBERTS PARA SEMPRE
               Jorge Pinto
               EDITOR                                   Nestes tempos de muitas e importantes discussões (além de alguns disparates) em
               Tiago Alves                              torno da Inteligência Artificial, os cinéfilos distinguem-se por um velho princípio.
                                                        A saber: não desistem dos actores. O homem ou a mulher que enfrenta o olhar frio
               EDITORA DE TELEVISÃO                     da câmara de filmar existe como marca da nossa humanidade e não pode (não
               Sara Quelhas                             deverá ser) substituído por uma presença digital, sem corpo e sem alma. Daí que
 C
 M                                                      seja sempre motivador descobrirmos mais um filme como «Depois da Caçada», de
               EQUIPA                                   Luca Guadagnino: a sua vibração dramática, logo o seu envolvimento emocional,
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               Catarina Maia                            existe, momento a momento, cena a cena, através dos actores — incluindo Julia
 CM
               Bernardo Sena                            Roberts, imagem emblemática da capa desta edição da METROPOLIS.
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               Hugo Gomes
 CY
               Inês N. Lourenço                         O exemplo de Julia Roberts é tanto mais significativo quanto a sua carreira se
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               João Lopes                               desenvolve ao longo de quatro décadas de muitas convulsões da máquina de
 K             João Garção Borges                       Hollywood e, em boa verdade, de todas as condições de produção e difusão dos
               José Vieira Mendes                       filmes (americanos ou não). Quando, através de «Flores de Aço» (1989), de Herbert
               Marco Oliveira                           Ross, ela obteve a sua primeira nomeação para um Óscar (como actriz secundária),
               Marisa Vitorino Figueiredo               não se tratava apenas de uma jovem em ascensão, mas de alguém capaz de viver
               Nuno Antunes                             as subtilezas do melodrama, sustentando o confronto com veteranas como Shirley
               Nuno Vaz de Moura                        MacLaine, Olympia Dukakis e Sally Field.
               Rodrigo Fonseca
               Rui Pedro Tendinha                       Logo  a seguir, graças  a «Pretty Woman» (1990), de Garry  Marshall, mais  uma
               Sara Afonso                              nomeação (agora como actriz principal) veio celebrar uma composição que,
               Sérgio Alves                             para lá da sua perversa simbologia romântica, poderia ter contribuído para que
               Tatiana Henriques                        Julia Roberts ficasse presa a um modelo dramático capaz de condicionar toda
                                                        uma carreira. Como bem sabemos, nada disso aconteceu. A versatilidade do seu
               online                                   talento afirmou-se nos artifícios de «Hook» (Steven Spielberg, 1991), no suspense
               Teófio Martins                           de «Dossier Pelicano» (Alan J. Pakula, 1993), ou na dramaturgia social de «Erin
               edição internacional                     Brockovich» (Steven Soderbergh, 2000), este valendo-lhe, finalmente, o Óscar.
               Madalena Brito
               capa                                     Vimo-la, depois, em registos que vão da sátira política de «Jogos de Poder» (Mike
               Bruno Rasquinho                          Nichols, 2007) até à exuberância espectacular de «Money Monster» (Jodie Foster,
               copyright da capa                        2016),  passando  pela  inspiração  teatral  de  «Um  Quente  Agosto»  (John  Wells,
               ©2025 CTMG. All Rights Reserved.         2013), com mais uma nomeação (como secundária). Refazendo uma imagem de
                                                        cuidada sofisticação artística? Sim, sem dúvida, é essa a “missão” que esperamos
                                                        ver  cumprida  por  uma  verdadeira  "star”.  Mas  sobretudo  reafirmando  o  valor
                OUTUBRO 2025 - NÚMERO 123               intrínseco da representação como um factor eminentemente cinematográfico
                                                        que a mantém em relação com a herança de actrizes como Vivien Leigh, Katharine
                                                        Heburn ou Anne Bancroft. Eis um valor que os espectadores do presente não
                     editor@cinemametropolis.com        devem menosprezar.
                                                                                                 JOÃO LOPES
     	
