O Amazon Prime Video disponibiliza, a partir de hoje, «Daisy Jones & The Six», inspirada com o livro de sucesso com o mesmo nome, de Taylor Jenkins Reid. A série aborda o documentário sobre a queda de uma banda que nunca existiu, mas que se inspira num dos dramas mais sonantes do meio musical: a separação dos Fleetwood Mac.
Inspirada por várias séries e histórias documentadas, «Daisy Jones & The Six» imita a realidade e tem como mote a entrevista/documentário aos membros de uma mítica banda dos anos 70. Décadas depois de se terem separado, os elementos do grupo aceitam falar sobre o que aconteceu, ao mesmo tempo que os seus testemunhos são acompanhados por imagens que revelam como tudo se passou exatamente. O que cria uma paralelismo interessante entre o que é percecionado, e até escondido, e a verdade dos factos. Embora esta seja a história de uma banda ficcionada, é inegável a familiaridade com outras separações épicas, como é o caso dos Fleetwood Mac.
Billy Dunne (Sam Claflin) forma uma banda com o irmão Graham (Will Harrison) e alguns amigos deste e, entre momentos altos e baixos, decidem tentar a sorte na Califórnia. Os “The Six”, cuja principal ironia está no facto de não serem realmente seis, partem em busca do sucesso, o que se avizinha mais difícil do que julgariam à partida. Camila (Camila Morrone), a namorada de Billy, também vai com eles, o que contribui para uma storyline secundária que começa por adicionar a primeira camada de drama à história, num jeito quase novelístico.
Ao mesmo tempo, vamos percebendo a história de Daisy Jones (Riley Keough), a filha de pais perfeitos que tanta dificuldade tem em provar o seu valor e talento. Aparentemente isolada, sabemos que a sua vida se destina a cruzar com a dos “The Six” e que, depois do sucesso, a banda se vai separar na sequência de um mega concerto. O lado documental também nos indica que cada um seguiu o seu caminho e que, portanto, tal como acontece noutras apostas da TV, só um projeto (e investimento?) tem a capacidade de os reunir novamente no mesmo vídeo.
A série tem a capacidade de extrair o que de melhor tem o livro e, com uma interpretação competente do núcleo central, o argumento ganha vida de forma convincente e apelativa. A realização de «Daisy Jones & The Six» também é bem conseguida, e a sucessão de grandes planos e movimentos ilusoriamente “desajeitados” envolve mais a audiência com o que acontece. Por sua vez, dá ainda resposta ao lado mais voyeurista do público, que adora um bom escândalo; ou, pelo menos, saber como aconteceu.
A nova aposta do Amazon promete ser uma da séries mais entusiasmantes de 2023, até ao momento, sobretudo por não se levar demasiado a sério. «Daisy Jones & The Six» é uma série documental mas, ao mesmo tempo, recorre a elementos fortes da ficção: é uma trama descontraída e apoiada em narrativas secundárias próprias do drama, do romance e do conflito. São muitas as emoções que as personagens experienciam num só episódio, e a transição de tempo e núcleos provoca a mesma sensação em quem vê. Uma viagem pela música e pelos seus bastidores, mesmo que não diretamente apoiados na verdade.
Ao elenco já mencionado no texto juntam-se ainda, entre outros, Suki Waterhouse, Josh Whitehouse, Sebastian Chacon, Nabiyah Be, Tom Wright, Timothy Olyphant e Ross Partridge.
O bestseller do New York Times tem tido um bom impacto internacional, pelo que a aposta atraiu muita atenção desde início, e para a adaptação apostou-se numa dupla habituada a histórias romanceadas não lineares, Scott Neustadter e Michael H. Weber. Os dois autores são responsáveis por narrativas como «(500) Dias com Summer» (2009), «Aqui e Agora» (2013) ou «Um Desastre de Artista» (2017), entre outros. O último projeto valeu-lhes mesmo uma indicação ao Óscar em 2018, na categoria de Melhor Argumento Adaptado (perderam para «Chama-me Pelo Teu Nome» (2017)).