A fórmula tem resultado e a nova série da Netflix não foge à regra: há super-heróis inesperados a invadir o pequeno ecrã. Em «Supacell» há poderes misteriosos prestes a despoletar a qualquer momento, e um futuro assustador à espreita.

Quem nunca sonhou em fechar os olhos e, num instante, estar a quilómetros de distância, num destino de sonho? Para Rod (Calvin Demba) esse é quase o caso, quando começa a correr em Londres e acaba em Edimburgo – no entanto, fica bem menos contente do que seria de esperar: como regressar quando os poderes não são totalmente controlados? Já Michael (Tosin Cole), o improvável herói desta história, tem a capacidade de viajar no tempo; mas o que fazer quando o que se sabe do futuro é demasiado negro?

Na nova aposta da Netflix, «Supacell», um conjunto de cidadãos comuns começa a exibir poderes inesperados, o que condiciona (e muito) a sua rotina. Embora estas mais-valias tragam claramente vantagens, a verdade é que nem toda a sociedade os recebe da mesma maneira. E quando Michael percebe que se avizinha uma luta, identificar ajuda torna-se uma missão urgente: tudo para evitar que a namorada morra, como está previsto.

A família ocupa uma parte importante desta história, já que várias personagens são movidas por causas relacionadas com parceiros, filhos e amigos. A chave encontra-se, por vezes, na capacidade de separar o ego e o poder alcançado pelo poder – da invisibilidade e da força, por exemplo – das causas que podem impactar a realidade das pessoas mais próximas. Mas o que tem, efetivamente, mais importância? «Supacell» dá início à discussão e, embora não escape ao óbvio, desperta algumas questões relevantes.

Esta é uma criação de Andrew ‘Rapman’ Onwubolu, que realiza também metade dos seis episódios. Com uma abordagem leve e dinâmica, com vários momentos de ação, a série convida a uma maratona, em busca das respostas determinantes que tardam a ser reveladas ao espectador. Ao estilo de «The Boys» e de outras apostas de super-heróis, a trama procura fazer (um pouco) a diferença através da inspiração que vai buscar às narrativas dramáticas de foco familiar.

[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº108, Julho 2024]

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