Se pensa que o mercado de transferências só mexe no desporto e na guerra das audiências da TV, desengane-se. A HBO garantiu os direitos de emissão de «Rick and Morty», até aqui um dos principais trunfos da animação na Netflix. O primeiro episódio da 5.ª temporada chega hoje.
Começa com um bang. Rick e Morty (com voz de Justin Roiland, criador com Dan Harmon) parecem novamente destinados a não sobreviver, vindos não sabemos bem de onde, mas Morty acaba por salvar o dia com uma motivação extra na reta final. Mas nem isso parece trazer felicidade ao avô: é que Morty aterrou a nave de emergência no Oceano… onde reside o grande inimigo de Rick. O antagonista Mr. Nimbus, que parece inspirar-se em Namor (Marvel) e no universo de Aquaman (DC), vê colocado em causa o acordo de paz que mantém com Rick e acaba a jantar na casa da família para resolver a situação.

Numa questão de minutos, o todo-poderoso inimigo já causa o desagrado de Morty, que tinha um encontro e vê os seus planos condicionados, e o possível contentamento de Jerry (Chris Parnell) e Beth (Sarah Chalke). Em ritmo rápido, o episódio de abertura da quinta temporada recorda-nos porque é especial «Rick and Morty», bem como a importância da evolução de personagens, mesmo quando se trata de uma animação. É disso sinal o comportamento revigorado de Morty, que também funciona como uma lufada de ar fresco para a dinâmica habitual da série do Adult Swim. O jovem é capaz de assumir um papel mais decidido e autónomo, ainda que tal não seja, necessariamente, sinal do seu sucesso.
O episódio de arranque é um bom prenúncio do que aí vem, sendo que o trailer já antecipou homenagens a Jurassic Park e Transformers, entre outros. O próprio episódio “Mort Dinner Rick Andre” inclui, por exemplo, uma referência a outros universos, um deles ao estilo de Blade.
Antes a estreia de «Rick and Morty» tinha sabor a Natal, devido ao intervalo incerto entre temporadas, pelo que a chegada da season 5 cerca de um ano depois do final da anterior até desperta uma sensação estranha. A série começou, aliás, por funcionar como uma série dita underground e até de nicho, mas atinge hoje uma audiência tão vasta (e audível) que já não fará sentido descrevê-la dessa forma. De igual modo, a série encontrou também críticas mais amplas, muitas vezes fora da tela e por temas não relacionados com a história em si, mas com momentos menos brilhantes, por exemplo, de Dan Harmon.