Page 76 - Revista Metropolis 123
        P. 76
     nagens nem sempre desprovidas de   no grande ecrã que encontrou o seu   nista, enfim, de cultivar a imagem de
            controvérsia, podemos encontrar um   lugar de eleição, mantendo sempre o   rebelde que lhe ficava mesmo a calhar
            leque de preferências ficcionais que   foco numa vertente autoral que cul-  desde que juntamente com outros co-
            percorrem diversas épocas, uma para-  minaria com uma das suas obras mais   legas de profissão passou a ser um dos
            fernália de opções dramáticas e ainda   provocadoras, «Querelle» («Querelle –   nomes de maior relevo no que veio a
            múltiplos modelos de produção. Na   Um Pacto Com o Diabo»), 1982. Neste   ser apelidado “novo cinema alemão”.
            verdade, foi capaz de, com orçamen-  como noutros filmes sabia do que es-  Todavia, sem dúvida que um dos seus
            tos reduzidos, mas também com ou-  tava a falar, já que era assumidamente   mentores e provavelmente aquele
            tros mais generosos, manter-se fiel a si   gay. Há quem diga que era bissexual,   a quem ele nunca faltou ao respeito
            próprio, inclusive nas produções para   mas a sua orientação no quadro exis-  foi o mestre alemão do melodrama,
            o  pequeno  ecrã,  para  o qual realizou   tencial em que mergulhou desde cedo   Douglas Sirk (1897-1987), que antes
            séries como «Acht Stunden sind kein   não se limitava a corresponder a ró-  fizera parte substancial da carreira em
            Tag», 1972-1973, «Welt am Draht» («O   tulos ou compartimentos fechados, e   Hollywood. No curso que o cineasta
            Mundo no Arame»), 1973, e o magistral   por isso foi acusado de ser impossível   dirigiu em Munique (na Hochschule fur
            «Berlin Alexanderplatz», 1980. Mas foi   de aturar, de ser um macho chauvi-  Fernsehen und Film) quando regres-
     76   METROPOLIS OUTUBRO 2025
     	
