Page 81 - Revista Metropolis nº118
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VITRIVAL - THE MOST BEAUTIFUL
VILLAGE IN THE WORLD
“Isto é Vitrival, não é o CSI Nova pura. E, num toque mais pesado, Ambos os mistérios são, na
Iorque”. A frase, dita no café da quase sempre no fora de cena, verdade, sintomas do subtexto
pequena aldeia belga de Vitrival, multiplicam-se suicídios que sempre presente no filme, sem
serve quase como mote ao ensombram a comunidade. nunca levantar fervura: o da
restante desenrolar do filme de rotina e da vida em círculos
Noëlle Bastin e Baptiste Bogaert, «Vitrival – The Most Beautiful fechados nas comunidades
vencedor do Prémio Especial Village in the World» (2025) mais pequenas, em que se veem
do Júri Canais TVCine, no explora todos estes pontos, sem sempre as mesmas caras, nos
IndieLisboa 2025. se comprometer em demasia com sítios habituais. Este eterno
Esta produção belga não é, de nenhum. Acompanha a rotina retorno é, para uns, um lugar
facto, o CSI Nova Iorque, nem dos polícias Pierre (Pierre Bastin) de conforto e, para outros, um
outro qualquer policial, apesar de and Benji (Benjamin Lambillotte), vazio que atormenta. Bastin
se centrar no ponto de vista de satisfeitos com a vida na sua e Bogaert (no papel duplo
dois pacatos policias de Vitrival. pequena aldeia, enquanto estes de argumento e realização)
Vai buscar inspiração à comédia procuram identificar quem é o demonstram esta duplicidade
de costumes, embebida em autor dos grafitis obscenos que de forma exímia, realista e até
humor seco, para retratar a vida começam a surgir em Vitrival e, terna. Qualquer semelhança
nas pequenas localidades rurais em simultâneo, perceber o que entre Vitrival e tantas outras
onde todos se conhecem e se está por detrás de vários suicídios pequenas localidades não será
entrecruzam. Mas não é comédia na aldeia. pura coincidência.MF
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