Page 78 - Revista Metropolis nº118
P. 78

THE SPARROW IN THE

                                                   CHIMNEY




            Tudo é belo, à primeira vista. Até   que a separa dos filhos; e Jule   horror e trauma/superação – quase
            que a fotografia hipnotizante de   (Britta Hammelstein), mais     como num equilíbrio delicado de
            «The Sparrow in the Chimney»     afetuosa e jovial. O convívio de   borboletas, pardais e cormorões,
            (2024), a casa perfeita e as vidas   todos na mesma casa aumenta   animais que ganham presença
            idílicas começam a quebrar e     o ressentimento e as tensões     simbólica ao longo do filme. Este
            a desvendar as cicatrizes dos    acumuladas, numa pressão que     é, aliás, o filme que encerra a
            traumas geracionais e das emoções   acaba por extravasar e misturar até   “trilogia de animais” dos irmãos
            clandestinas à flor da pele.     as linhas ténues entre realidade,   Zürcher, centrada nas dinâmicas
                                             sonho, desejo e liberdade.       familiares, depois de «The Strange
            A narrativa centra-se na reunião                                  Little Cat» (2013) e «The Girl and
            familiar de duas irmãs (e        Tentando fugir das convenções e   the Spider» (2021).
            respetivos núcleos familiares)   expetativas habituais, o cenário
            muito diferentes: Karen (Maren   doméstico imaginado por Ramon    «The Sparrow in the Chimney»
            Eggert), a irmã mais velha,      Zürcher alberga e encontra novos   (2024) integrou a Competição
            fechada em si mesma e incapaz de   sentidos na justaposição entre   Internacional do IndieLisboa 2025.
            ultrapassar a distância emocional   crueldade/compaixão, beleza/  MARISA FIGUEIREDO












     78   METROPOLIS MAIO 2025
   73   74   75   76   77   78   79   80   81   82   83