A série de animação regressou recentemente ao streaming Disney+ com uma nova temporada. Após dez anos sem novos episódios, o bem-sucedido revival do ano passado permitiu um novo regresso para Fry, Bender e companhia.
De um dos criadores de «Os Simpsons», Matt Groening, e de David X. Cohen, «Futurama» tem um currículo respeitável no que diz respeito à combinação de comédia com futurismo, um caminho que tem traçado desde 1999. Com uma sociedade em crescimento constante, fica também mais difícil para uma série do género ser fraturante e surpreender temporada após temporada, pelo que, na 12.ª season, existe igualmente um regresso às origens.
Logo no arranque, a audiência sabe mais sobre uma povoação com ligação a Bender, numa altura em que este atravessa uma crise existencial depois de perder os seus NFTs. Além de acentuar o caráter da personagem, este tipo de abordagens permite também aumentar o universo em que habita «Futurama», já que, mesmo sem uma linha temporal contínua e clara, a verdade é que há relações que se vão desenvolvendo progressivamente, nomeadamente a de Fry e Leela.
Como não podia deixar de ser, a Inteligência Artificial tem algum protagonismo nesta nova leva de episódios, permitindo encarar com piada e muita imaginação um tema que faz parte da atualidade. Claro que acentuando tudo até ao ponto de o tornar praticamente inverosímil, excedendo todos os limites da realidade e do campo das possibilidades, o que funciona muito bem em termos cómicos, ao mesmo tempo que vai entregando mecanismos que podem ajudar no debate do verosímil. Uma dualidade interessante.
Sem perder o estilo a que habituou a sua audiência fiel, «Futurama» vem mostrar que pode haver vida depois do fim. E que, mesmo as séries que terminam, podem merecer a oportunidade de regressar, assim saibam depois aproveitar a oportunidade. Naturalmente, os fãs também têm um papel a desempenhar, já que o sucesso ou não destas apostas depende muito deles e dos resultados que, assim, os projetos conseguem obter.
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº109, Agosto 2024]