Com valores estimados em US$ 287 milhões, arrecadados em cerca de três semanas em cartaz, deram a «Venom: Tempo de Carnificina» a certeza de que a bigamia da Marvel – em núpcias oficiais com a Disney, mas em romance com a Sony – rende frutos menos comportados (e mais livres) quando a indústria de BDs se imiscui com a estética da sua parceira extraconjugal. São frutos sempre ligados ao Homem-Aranha e aos seus satélites. «Morbius», com Jared Leto, é uma aposta para o futuro, assim como um potencial filme de Kraven o Caçador. E o simbionte alienígena Venom é parte dessa love story entre comics e o grande cinema.

Egresso de uma dimensão estelar legislada por uma entidade chamada Beyonder, disfarçado como um uniforme extra do Homem-Aranha, Venom tem um superpoder de matar os Vingadores de inveja: driblar críticas negativas e se firmar como um campeão de bilheteria. «Venom: Tempo de Carnificina» tornou-se um fenómeno de bilheteria, mesmo sob toda a saraivada de ataques por parte de uma crítica que não embarca no anti-herói surgido como um tecido vivo em 1984 e reinventado como personagem por Todd McFarlane e David Michelinie. O primeiro filme estrelado por ele, de 2018, faturou US$ 856 milhões, consagrando Tom Hady, o Bane de «O Cavaleiro das Trevas Renasce» (2012), como vigilante do Bem (ou quase), sob a direção de Ruben Fleischer («Bem-vindo à Zombieland»). O regresso de Hardy ao papel do jornalista Eddie Brock (que é fotógrafo na banda desenhada) em «Venom: Tempo de Carnificina» é pilotado pelo eterno Gollum, o ator inglês Andy Serkis, que será o mordomo Alfred em «The Batman» (2022). Serkis conta com o talento de Woody Harrelson para interpretar o vilão, o serial killer Cletus Kasady, que se reinventa com uma substância extraterreste vermelha chamada Carnificina. Uma substância com sede de sangue.

Há um efeito visual vivo no filme de Serkis que faz toda a diferença na alquimia dos comics da Marvel com o cinema: o director de fotografia Robert Richardson (de «A Invenção de Hugo»), cujo olhar sabe traduzir fantasia como poucos. Ele embala com um colorido de um quadrinho uma aventura sobre dar a volta por cima – do Bem e do Mal – editada com velocidade de nave espacial por Maryann Brandon e Stan Salfas. Na trama, Brock e Venom, o seu hóspede, vindo do espaço, andam numa discussão de relação irreconciliável, uma vez que o ser estelar precisa de se alimentar de cérebros humanos. Pelo meio dessa batalha, Brock faz uma reportagem com Cletus (Harrelson, com a fúria habitual), um psicopata que morde o jornalista, extraindo do seu sangue filigranas do parasita que habita no seu organismo. O resultado da sua mordida é sua transformação no monstro chamado Carnificina, criado no planisfério dos comics em 1992, como um dos mais selvagens inimigos do Homem-Aranha. Aliás, este, hoje interpretado por Tom Holland, tem um cameo na longa de Serkis. Mas, até lá, delicie-se com um recheio pop de lutas coreografadas com histeria, mas com litros de adrenalina, e com o carisma de Hardy, que foi além dos seus feitos em «Mad Max: Estrada da Fúria» (2015) e do seu trabalho como Bane.

Título original: Venom: Let There Be Carnage Realização: Andy Serkis Elenco: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomie Harris, Stephen Graham. Duração: 97 min EUA/Reino Unido/Canadá, 2021

https://www.youtube.com/watch?v=-FmWuCgJmxo
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