[Texto publicado originalmente no site Cinema2000, 29 de Novembro 2007]

Os feiticeiros modernos da Disney reuniram o melhor de dois mundos, a animação (2D e CGI) dos seus estúdios com uma fábula moderna cheia de romance e comédia no mundo real criaram assim um filme simples e eficaz, feito para encantar o público do principio ao fim. Os primeiros quinze minutos de filme são fundamentais nesta obra, um processo em animação (2D) revelam um mundo de princesas, príncipes, animais que falam, trols e madrastas maquiavélicas, mantendo esta redoma de inocência e acreditando na mesma, os nossos personagens graças à magia negra vão saltar da fantasia animada para o coração da cidade de Nova Iorque, num sitio onde todos pensavam que os sonhos não podiam existir.

Gisela (Amy Adams) é a princesa que encontra-se fora do seu mundo vê-se engolida no turbilhão da multidão, quando está prestes a perder a esperança e a sanidade cai nos braços de Robert (Patrick Dempsey) que convencido pela sua filha dá abrigo à “estranha rapariga”. Na manhã seguinte, ninguém fica inerte perante a literal fada do lar, Gisele com a ajuda dos pássaros e a população rastejante da grande cidade limpa a casa onde está hospedada ao som da happy working song aliás todos os personagens do mundo animado são autenticas jukebox ambulantes. É de salutar ver as produções animadas a abraçarem o género musical que no passado era um aspecto incontornável das obras. Relevo para esta cena (limpeza da casa), que é relativamente simples em animação, ganha uma dimensão extraordinária em imagem real com muita cor, vida e engenhosas coreografias das criaturas na lida doméstica.

Entretanto o príncipe Edward (James Marsden) com Pip (Kevin Lima) o esquilo de Gisele parte também para a realidade para resgatar a sua noiva, vestido a rigor e de espada em punho ele enfrenta de forma literal os transportes públicos nova iorquinos, sempre seguido de perto por Nathaniel (Timothy Spall) que deve concluir o que a rainha começou, o ostracismo definitivo de Gisele do mundo da fantasia. Ele é um divertido mestre de disfarce e das conspirações falhadas e contracena lindamente com Pip que apesar de não falar no mundo real é uma delícia para os nossos olhos com as inúmeras tentativas de comunicação gestual.

Com a magia que começa a perder o seu efeito, o cinismo versus a inocência, Gisele começa a querer saber o significado de namorar e até fica zangada uma sensação que desconhecia, é o princípio da perca de inocência. O filme transforma-se sendo uma forma perspicaz para desmontar os contos animados, é um – viveram felizes para sempre depois de encontrarem a verdadeira cara metade – e nada melhor do que um true love kiss para acordar a princesa para o verdadeiro amor. Quem não está bem no filme é a actriz Susan Sarandon (Narissa) que nas pisadas de Glen Close de 102 Dalmatas, tenta também encarnar uma figura inspirada na lendária mitologia animada da Disney, demasiado over acting arriscava a deitar a perder o cariz inocente do enredo mas salva-se graças às suas diferentes caracterizações, a voz da dragão, uma velhinha pouco inocente e a rainha animada minimizam o estrago da interpretação de rainha Narissa de carne e osso.

A Disney apostou e reinventou mais um clássico e saiu vencedora «Uma História de Encantar» mexe com o público, está cheia de alegria e entusiasmo, é um belo presente de natal nas salas de cinema.

Título original: Enchanted Realização: Kevin Lima Elenco: Amy Adams, Susan Sarandon, James Marsden, Patrick Dempsey, Timothy Spall, Idina Menzel, Julie Andrews Duração: 107 min. EUA, 2007

https://www.youtube.com/watch?v=IJwUFq8uOr0
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