«Turning Red – Estranhamente Vermelho» relata a história de uma menina de origem asiática que vive em Toronto e que deseja sair da alçada mãe. Meilin (voz de Rosalie Chiang) quer apreciar o mundo como uma adolescente normal e para lá do alto nível de exigência maternal. Desse confronto entre a ultra mãe galinha (voz de Sandra Oh) e a filha rebelde surge um legado maldito (ou talvez mágico) da sua família asiática quando Meilin se transforma num panda gigante quando fica ansiosa. É um filme a piscar o olho para a audiência feminina e também ao público asiático. «Turning Red – Estranhamente Vermelho» tem alguns conceitos interessantes, como a chegada do primeiro período, aliado ao desejo de autonomia da heroína do filme ao ser personalizado e incompreendido num fofo e gigante panda vermelho. Temos também o elo familiar, a força da amizade e o elemento de sátira tween (pré-teenager) a conquistar o mundo e a venerar as suas taras como as boys bands. E finalmente, o aspecto chave da obra: a relação exigente e possessiva das tiger moms face às suas crianças. Esta última referência é uma faceta do filme inspirada na infância da realizadora Domee Shi que, vale a pena recordar, assinou a pequena maravilha, a curta-metragem, «Bao».

À excepção do belíssimo «Luca», a Disney/Pixar tem editado um rol de filmes muito abaixo das expectativas a que nos habituou segundo os seus próprios altíssimos padrões. Entendemos o apelo da globalização da narrativa e a integração de diferentes etnias e culturas nas storylines – exemplo disso mesmo é o fantástico «Coco» – mas depois da ausência de economia narrativa em «Raya e o Último Dragão», a entropia de «Encanto» e a inconsistência de «Turning Red – Estranhamente Vermelho», só podemos ansiar o rápido regresso aos tempos gloriosos e que alguém possa assumir o enorme vazio deixado a nível criativo por John Lasseter.

Título original: Turning Red Realização: Domee Shi Elenco: Rosalie Chiang, Sandra Oh, Ava Morse Duração: 100 min. EUA/Canadá, 2022