THOR: RAGNAROK – CHRIS HEMSWORTH EM ENTREVISTA

THOR: RAGNAROK – CHRIS HEMSWORTH EM ENTREVISTA

[Entrevista publicada na Revista Metropolis nº 54, Outubro 2017]

Ao terceiro capítulo, em nome próprio, encontramos Thor, o Deus do Trovão, de regresso ao universo… a um universo desconhecido pelo super-herói da Marvel e sem o seu martelo. Missão: regressar a Asgard e impedir o Ragnarok – ou seja, a destruição da civilização asgardiana.

O elenco é de luxo e conta com nomes como Chris Hemsworth, («Rush – Duelo de Rivais», «No Coração do Mar») no regresso à personagem de Thor; Tom Hiddleston («O Gerente da Noite», «Kong: Ilha da Caveira») como Loki; Cate Blanchett («Carol», «Blue Jasmine») no papel da vilã, Hela; Mark Ruffalo («O Caso Spotlight», «Shutter Island») a fazer de Bruce Banner/Hulk; Idris Elba («Luther», «A Torre Negra») como Heimdall; Jeff Goldblum («Parque Jurássico», «Grand Budapest Hotel») na estreia como ditador Grandmaster, regedor de Sakaar; e Sir Anthony Hopkins («Silêncio dos Inocentes», «Nixon») que reinterpreta Odin, rei de Asgard;

A acompanhar os atores está uma equipa técnica recheada de talentos consagrados, liderada pelo jovem realizador Taika Waititi e supervisionada pelo autor dos comics e criador da saga “Thor”, Stan Lee. Segue a entrevista com o principal protagonista, Chris Hemsworth.

Qual é a sua perceção da sua personagem depois de a interpretar durante sete anos?
CHRIS HEMSWORTH: Há sete anos que interpreto esta personagem, o que, por um lado, parece uma vida, mas ao mesmo tempo parece que foi ontem que filmámos o primeiro filme. O primeiro filme foi muito divertido, porque foi um dos meus primeiros grandes trabalhos. Era tudo tão novo.
Este filme, em particular, é uma maior mudança de personagem e da narrativa, e isso também muda a minha abordagem. Tudo isto surgiu através da visão de Taika e do seu sentido de humor, da sua atitude e da sua necessidade de exploração. Fazer algo diferente era o que queria alcançar neste filme, assim como o estúdio. Kevin Feige e a equipa da Marvel queriam ver até onde conseguíamos ir e foram os cenários mais emocionantes e divertidos em que já estive.

Onde é que vamos encontrar Thor nesta história?
CHRIS HEMSWORTH: A última vez que vimos o Thor no grande ecrã foi em “Vingadores: A Era de Ultron”. No final desse filme, Thor começa a procurar mais pelo vilão que parece estar a orquestrar todos os problemas que estão a afectar todas as personagens no Universo Cinematográfico Marvel. Mas não nos deixámos ficar presos a essas histórias mais antigas. Fizemos desta uma história única e própria.

No início, encontramos Thor numa viagem de auto-descoberta. É de Asgard, mas recusou-se a ser rei e viveu na Terra. Mas ainda assim, não é da Terra, e por isso não se encaixa lá. Então, está à procura de respostas.
No seu caminho, descobre todo o tipo de caos em todos os reinos e vários vilões que foram libertados. E ninguém os está a parar, por isso regressa a casa, para perguntar ao pai o que está a acontecer e por que não estão a resolver o que se passa. Como percebemos do último filme, o seu pai talvez não seja quem pensa que é. Pode ser Loki a criar uma ilusão. Divertimo-nos com isso e a partir daí começa o resto da história. E é aí que o encontramos e é daí que parte.

Mark Ruffalo


Quais são as transformações físicas de Thor?
CHRIS HEMSWORTH: Há algumas mudanças físicas na personagem neste filme. A primeira é que corta o cabelo. Está num mundo de gladiadores onde faz parte do processo cortar o cabelo. Sem dúvida que me deu uma atitude diferente. Fatos diferentes, armas diferentes, um elenco de personagens diferentes para trabalhar que dão uma energia diferente. E assim percebe-se que também um corte de cabelo diferente, pode mudar a maneira como agimos.

Também perde o martelo. É destruído por Hela, a vilã deste filme. Isso obriga-o a questionar tudo na sua existência, nas suas forças, na sua história e passado, o que o leva de novo numa jornada diferente. Trata-se de o trazer de volta fisicamente, mas também emocionalmente, para o reconstruir de alguma forma ou fazê-lo redescobrir algo. Essa é uma ótima maneira de o derrubar.

Perder o cabelo e o martelo afetou a força dele?
CHRIS HEMSWORTH: Inicialmente, Thor acha que isso vai afetar o seu poder. Acha que o martelo é a fonte do seu poder. É a ideia clássica de que o poder está dentro de si. O martelo era apenas algo que o representava.

O que é Ragnarok?
CHRIS HEMSWORTH: Ragnarok é o fim de tudo; o fim do universo. A própria vida, tal como a conhecemos, termina. Ragnarok, neste filme, aplica-se a Asgard e deve-se evitar que aconteça, para se salvar Asgard.

O que encontra Thor neste filme?
CHRIS HEMSWORTH: É de um mundo, onde é de longe, a personagem mais capaz, forte e poderosa. E por isso é empurrado para o mundo do planeta Sakaar, onde ninguém se importa com o facto de ser um príncipe de Asgard. Então, isso não lhe dá poder ou valor. Agora é igual. Não está acima do povo da cidade.



Com quem é que se encontra em Sakaar?
CHRIS HEMSWORTH: Sakaar é governada pelo Grandmaster interpretado por Jeff Goldblum. O Grandmaster é louco, pitoresco, divertido, espirituoso e fascinante. No guião, a personagem era ótima e excitante, mas acho que nenhum de nós sabia bem o que Jeff faria com isso. Assim que chegou no primeiro dia, expulsou-nos. É bastante inquietante para Thor e para Loki, estar perto de uma personagem como esta.

Como é que Hulk mudou?
CHRIS HEMSWORTH: Hulk está mais articulado que nunca, o que é brilhante, porque o torna confiante e faz com que se simpatize por aquilo que está a passar. Há um espaço muito maior para se criar um relacionamento, um vínculo, uma amizade, entre ele e Thor. Ficam como se fossem colegas de quarto, que concordam e discordam, que têm todos os tipos de discussões e lutas, que se separam como amigos e depois voltam a juntar-se, e assim por diante. Foi incrível representar com ele.

Fale-nos de Valkiria.
CHRIS HEMSWORTH: Valkiria é uma das guerreiras da elite de Asgard, interpretada por Tessa Thompson, e agora mora em Sakaar, como caçadora de recompensas. Apanha Thor e vende-o para lutar nos ringues de gladiadores.

Valkiria deixou para trás Asgard e tudo o que lá aconteceu e enterrou essa memória, e agora vive uma vida muito diferente. A princípio, Thor não faz ideia de quem ela é, mas quando descobre a sua identidade, fica fascinado por ela. Valkiria passa a ser bonita e é uma guerreira incrível, e essas coisas são muito atraentes para Thor.

Fale-nos de Hela, a primeira vilã feminina.
CHRIS HEMSWORTH: Cate Blanchett é simplesmente brilhante como Hela. É das melhores atrizes que existe. Estava muito entusiasmado para ver o que ia fazer com Hela. Tinha ideias sobre o que ela podia fazer, mas fiquei completamente fascinado com o resultado. Ela tem essa atitude ou aparência insensata, ou um tipo de movimento para dar à sua personagem. Às vezes, sente-se empatia com Hela e depois lembramo-nos de que está a matar pessoas e a destruir tudo. É este tipo de conflito para o público que faz um filme e uma jornada muito mais interessante de se ver.

Como é a relação entre Thor e Loki nesta história?
CHRIS HEMSWORTH: Thor sempre deu a Loki uma segunda oportunidade e confiou sempre nele, mas neste filme é diferente. Aceita o que Loki é e deixa-o assim. E talvez seja uma tentativa mais inteligente de o trazer de volta. Ou talvez Thor realmente tenha esgotado as suas opções e ideias para o trazer de volta.

Aparentemente, desta vez, Loki está a mudar. Mas durante quanto tempo? Penso que, inerentemente, há um lado bom em Loki, mas como tem uma visão distorcida e acha que sabe onde é que deve estar por direito, acaba por fazer escolhas erradas. Mas, foi divertido interpretar essa mudança na atitude de Thor e fazer algo diferente.

Cate Blanchett


Como é que a produção acabou por ser feita na Austrália?
CHRIS HEMSWORTH: Perguntei se podíamos filmar na Austrália e, felizmente, a equipa da Marvel disse que ia pensar nisso, mas não podiam prometer nada. Para mim, estar em casa mais de duas semanas seria fantástico. E funcionou.

Foi tão bom estar lá. Existe imensa familiaridade com a equipa e tudo aqui. E adormeço na minha cama. Mas também acho que aqui há um talento maravilhoso, no elenco e na equipa em geral. Foi fantástico. E o clima esteve maravilhoso. Acho que nunca choveu. Foi uma das melhores filmagens das quais já fiz parte.

Do que é que se recorda de ter filmado em Brisbane?
CHRIS HEMSWORTH: Foi uma loucura. Nunca tinha visto tanta gente tão animada para uma equipa de filmagem. Havia mais pessoas do que qualquer estreia em que estive, e mais emoção e barulho do que qualquer evento de estreia em que estive. As pessoas de Brisbane estavam muito emocionadas e todas amontoadas nas ruas para poderem ver algo. A cidade parou durante esses dois dias. Foi um ruído tão bom e estávamos todos a tentar sair de lá e assinar autógrafos entre cenas, o máximo que conseguiamos. Isso foi muito especial. Foi ótimo.

Como foi trabalhar com caras tão familiares?
CHRIS HEMSWORTH: Criou um grande entusiasmo porque Tom, Idris e eu começamos no primeiro “Thor”, logo no início das nossas carreiras. Gostamos de relembrar os bons velhos tempos.

Depois quando se trabalha com pessoas como Anthony Hopkins, que fez muitas outras coisas e que depois aparece tão entusiasmado quanto nós. Sinto que existe uma energia verdadeira nestes filmes, onde as pessoas sentem que estão a fazer algo único, para além de fazerem parte do Universo Cinematográfico Marvel.

Tessa Thompson e Chris Hemsworth


Como é que os cenários ajudam na sua interpretação?
CHRIS HEMSWORTH: Acho que quanto menos se usar a própria imaginação para criar o espaço físico, mais podemos gastar na concentração para a cena e sobre aquilo de que se trata. Quando se entra nos cenários como os que foram construídos para este filme, fica-se logo rendido.

Nesses cenários, não é preciso imaginar como é que tudo se parece e onde se está. Está-se lá. E é real. Isso é único, acho. Há tantas telas azuis nos filmes hoje em dia e aí é preciso fazer muito esse tipo de trabalho. Considerando que quando o ambiente está lá para nós, é fantástico.

Thor tem um fato novo?
CHRIS HEMSWORTH: Thor tem novos fatos neste filme. Há um fato de cabedal, do estilo gladiador que foi moldado para o meu corpo e que tem uma quantidade incrível de detalhes.

Houve alguma diferença no treino para este filme?
CHRIS HEMSWORTH: Provavelmente fiz mais cenas de luta e acrobacias neste filme do que nos outros. Estavam a acontecer muitas mais coisas; havia muito mais ação e armas diferentes, o que foi ótimo, porque anteriormente estava bastante limitado ao que era possível fazer com o martelo. Tivemos espadas e todos os tipos de armas a laser, com várias peças diferentes. Isso foi ótimo.

O treino físico foi semelhante aos anteriores. Tem de se comer a comida certa e treinar muito. Tem de se trabalhar. Passam-se algumas horas por dia no ginásio e a preparar e a comer as refeições certas e toda a disciplina que isso implica.

Descreva um dia com o realizador, Taika Waititi.
CHRIS HEMSWORTH: Há muita música e normalmente algumas danças, muitas piadas, muita loucura, muita insanidade e muita diversão. Muita exploração, experimentam-se muitas coisas e depois vê-se até onde podemos ir, e assim por diante. Tenho que dizer que é sem dúvida o cenário mais alegre e divertido em que estive. O tom do filme é responsável pelo ambiente que Taika criou. O que faz com que te sintas bem com a tentativa de fazer algo que talvez nunca tinhas tentado antes ou que é fora da caixa. Sentimo-nos em boas mãos. E é preciso confiar no realizador para se fazer isso. Acho que todos se sentiram assim neste filme. Foi ótimo.

O que é que retira da primeira cena filmada?
CHRIS HEMSWORTH: Foi lindo. Estavam connosco povos aborígenes que são os verdadeiros guardiões da terra, que abençoam e agradecem mutuamente. Foi uma celebração da aproximação de todas as pessoas, onde nos desejaram muita energia positiva para o filme. Foi único e especial, e algo de que nunca tinha feito parte. Já tinha estado perto da cultura aborígene, enquanto estava a crescer perto de uma comunidade aborígene e já tinha visto a dança tradicional e as cerimónias, mas nunca tinha feito parte de uma produção cinematográfica. Então, foi maravilhoso.