Ryan Murphy continua a fazer valer o seu estatuto de super-produtor na Netflix. Agora é a vez de estrear a adaptação da Broadway, «The Prom» (2020), que conta com um elenco galático. Disponível no streaming dia 11, sexta-feira.
Inspirado pela história verídica de Constance McMillen em 2010, o musical «The Prom» teve sete nomeações nos Prémios Tony de 2019, mas acabou por sair de cena sem ser capaz de recuperar o investimento feito na produção da Broadway. Ryan Murphy mantém a ambição, mas procura melhor sorte no streaming e, para isso, não olhou a custos: o elenco integra nomes como Meryl Streep, James Corden e Nicole Kidman. «The Prom» (2020) estreia já esta sexta-feira na Netflix.

Quando tentava ir ao baile de finalistas com a namorada, Constance McMillen acabou por provocar a fúria dos seus pares e foi mesmo banida de participar. Ao questionar a legalidade da decisão, obteve como resposta o cancelamento do próprio baile. Os Green Day, Cat Cora ou Lance Bass foram alguns dos famosos envolvidos numa campanha de apoio, que começou nas redes sociais. Já em «The Prom» (2020), Emma Nolan (Jo Ellen Pellman) só queria ir ao baile de finalistas na sua escola do Indiana com a namorada. No entanto, a comunidade conservadora, liderada por Mrs. Greene (Kerry Washington), não lhe dá essa possibilidade e acaba mesmo por cancelar o baile de finalistas. Ainda assim, Emma conta com o apoio do diretor da escola, Tom (Keegan-Michael Key).
À deriva após serem acusados de narcisismo, os protagonistas do musical «Eleanor», Dee Dee Allen (Meryl Streep) e Barry Glickman (James Corden), procuram uma causa nobre — mas concretizável — para provarem todo o seu altruísmo aos críticos. Numa análise ao que está trending no Twitter, Angie Dickinson (Nicole Kidman) sugere a situação em torno de Emma e, num ápice, o grupo invade a pacata localidade. Junta-se ao trio Trent Oliver (Andrew Rannells), ex-estrela de uma sitcom, e Sheldon (Kevin Chamberlin).
Tudo em «The Prom» (2020) roça o estereótipo e o exagero, replicando os lugares-comuns a que estamos habituados no teatro musical. No entanto, este acontecimento não é uma falha estrutural, mas sim um dos motores do humor e da caricatura que também está presente na longa-metragem. O que acaba, ainda assim, por castigar o filme realizado por Ryan Muprhy, já que esta desconstrução cómica prejudica a linha narrativa e enfraquece a própria história que se está a contar. Assim como a mensagem, que chega ao recetor no meio de bastante “ruído”.

O melhor é ver o copo meio cheio. A protagonista e Ariana DeBose são duas agradáveis surpresas, enquanto Meryl Streep e Nicole Kidman voltam a convencer num papel musical. Leve e sem momentos surpreendentes, é certo, mas importa relativizar: estamos a falar de um filme que não ambiciona ser a obra-prima do ano. É uma longa de puro entretenimento que, como é natural, agradará mais aos fãs deste género de filmes do que a outros.