Na temporada de despedida de Olivia Colman, Gillian Anderson e Emma Corrin atraem todas as atenções e expetativas. A METROPOLIS já viu a quarta temporada de «The Crown», que estreia amanhã, e deixa uma garantia: o teste foi ultrapassado com sucesso.
Na sua quarta temporada, «The Crown» faz uma viagem atribulada na década de 80, terminando em plena crise no arranque dos anos 90. Depois de muita ansiedade da audiência, a série da Netflix abordou finalmente (e de forma consistente) duas das grandes protagonistas da história recente do Reino Unido: Margaret Thatcher, a primeira mulher a ocupar o lugar de Primeira-Ministra do UK, e Diana, a eterna “Princesa do Povo”, que morreu tragicamente em 1997.
Apesar de se apresentar ao nível que já nos habituou, Olivia Colman passa para segundo plano perante a chegada de Gillian Anderson (Thatcher) e Emma Corrin (Diana Spencer). Gillian é um verdadeiro estrondo como Thatcher — personalidade que já valeu um Óscar a Meryl Streep — e a praticamente desconhecida Emma é competente na interpretação de uma jovem e ingénua Diana, puxando todos os seus maneirismos.
Embora ambas sejam incompreendidas, há uma diferença crucial entre elas. Se Thatcher é força, Diana é fraqueza. Enquanto a primeira tenta vingar num mundo controlado por homens de “cabelo cinzento”, Diana é uma figura frágil que tenta encontrar o seu lugar no complexo mundo da realeza. O foco da primeira está nas suas interações com a Rainha Isabel II (Colman), que nem sempre foram tranquilas, sendo que Diana se deixa encantar pelo Príncipe Charles (Josh O’Connor), ou Príncipe Carlos, apenas para perceber que o coração deste pertence a Camilla (Emerald Fennell).
Ao mesmo tempo, o Reino Unido vive um período bastante conturbado a nível económico e social — e «The Crown» recria alguns desses momentos históricos. As medidas de Thatcher fazem o desemprego subir de forma imparável, com os fundos do UK a serem dirigidos para o conflito nas Ilhas Malvinas; a contestação do IRA termina em tragédia; os esforços independentistas da Austrália são afetados pela popularidade da Princesa Diana; a Commonwealth demora no consenso face ao Apartheid; e a doença mental tem um destaque inesperado. Além disso, o caso de Michael Fagan, um intruso que conseguiu uma audiência forçada com a Rainha, ilustra na perfeição a burocracia em que o UK estava mergulhado.
Se a popularidade de Thatcher desce, a de Diana sobe de forma totalmente descontrolada. A empatia da Princesa, o seu altruísmo e a sua proximidade à população conquistam até os mais céticos, enquanto à volta se testam egos e criam divisões irrecuperáveis. Não só Charles parece afastado emocionalmente de Diana, como o carinho da população atinge diretamente o seu ego. Em paralelo, também os media vão mostrando a sua pior face, ainda que longe do que se avizinha na década de 90.
O argumento volta a ser uma das principais forças da série da Netflix, ao atribuir uma forte carga emocional, a par de uma maior complexidade, através da ficção (apoiada em acontecimentos factuais). Da mesma forma, o elenco mostra-se cada vez mais forte, e até as participações especiais surpreendem pela sua qualidade. Com menos surpresa, até porque já estamos acostumados, Morgan volta a ser simpático com Isabel II, o fio condutor de «The Crown», enquanto os restantes protagonistas não se livram de exibir, a espaços, os seus piores atributos. E nem Diana escapa a essa análise mais aprofundada.
Além dos atores já mencionados, a série conta ainda com Helena Bonham Carter, Tobias , Erin Doherty e Charles Dance, entre outros. Todos de saída.
A quarta temporada de «The Crown» marca a despedida de Olivia como Rainha. Nas últimas duas temporadas será Imelda Staunton a interpretar a monarca, com a próxima season a focar um dos momentos mais polémicos da história recente: a queda do casamento de Charles e Diana, e a morte trágica da Princesa. Já estão confirmados também no elenco Jonathan Pryce (Philip), Lesley Manville (Margaret) e Elizabeth Debicki (Diana).