À medida que vamos mergulhando na espiral de violência demente que George Clooney filmou em «Suburbicon» reconhecemos uma série de situações que já vimos nos filmes dos irmãos Coen.
Não há surpresa já que o argumento foi desenvolvido por Joel e Ethan Coen, em 1985, após o sucesso de «Sangue por Sangue». George Clooney chegou a ser convidado para interpretar um dos papéis mas o filme não foi rodado. Três décadas depois o ator/realizador decidiu retomar o argumento e assumir a realização.
Clooney dirige Matt Damon e Juliane Moore nos papéis de um casal de classe média que vive num bairro suburbano extremamente confortável. A ação acontece no final da década de cinquenta do século passado numa altura de afirmação dos direitos civis das minorias nos Estados Unidos.
O contexto da história mostra a população caucasiana em protesto exaltado contra a primeira família de afro americanos que se instalou no bairro. Mas a história que é desenvolvida ao longo do filme dramatiza as peripécias de um casal que planeia um golpe de forma incompetente e perde o controlo da situação.
A comédia negra ganha contornos de violência mórbida à medida que o conflito racial explode na ruas. Foi isso que George Clooney pretendeu: reforçar uma mensagem cívica, sobre a segregação racial, num filme divertido e furioso onde não poupa as suas personagens.
«Suburbicon», o sexto filme dirigido por Clooney, tem uma temática política e uma consciência liberal como sucedeu em «Boa Noite, e Boa Sorte» (2005), e «Nos Idos de Março» (2011). Desta vez, seguindo o rasto de sangue da escrita dos irmãos Coen, Clooney realiza um filme bastante mais popular e divertido do que esses, colocando o espectador a olhar para o problema latente do racismo.