O canadiano Denis Villeneuve realizou um policial que se desdobra em filme de guerra e nos leva até às trincheiras da sanguinária “guerra contra as drogas”. «Sicário – Infiltrado» é uma das obras mais ambíguas sobre o legado e o conflito transfronteiriço em torno do crime e o tráfico de droga entre o México e os Estados Unidos. Dirigido de uma forma seca e realista é uma narrativa despida de lirismos e assaz na vertente visual, técnica e interpretativa. A fotografia do artista visual Roger Deakins cruza o realismo de uma guerra urbana com paisagens que evocam os clássicos western nesta monumental, dir-se-á quixotesca, tarefa que as forças da Lei travam contra os cartéis de droga. Emily Blunt rouba o show ao personagem que dá nome ao filme e que tem uma composição avassaladora de Benicio del Toro, a figura pragmática no cerne desta história. Blunt, no papel de Kate, é os olhos do espectador, a sua incredulidade perante os factos espelha a nossa, as suas dúvidas são as nossas. Ao visionar em homevideo «Sicário – Infiltrado» é um objecto de alta tensão em formato comboio bala de 120 minutos, desenrola-se vertiginosamente e mantém o mesmo ímpeto como num ecrã de cinema.
Título original: Sicario Realização: Denis Villeneuve Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro, Jon Bernthal, Daniel Kaluuya, Jeffrey Donovan Duração: 121 min. EUA/México/Hong-Kong, 2015
[Texto originalmente publicado na Revista Metropolis nº37, Abril 2016]
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