Um ano e meio depois de uma season finale que criou um “ódio de estimação” coletivo, «Sex Education» regressa à Netflix sexta-feira, 17, para a sua terceira temporada. A Metropolis teve acesso à estreia em primeira mão.
Após duas temporadas muito bem conseguidas, «Sex Education» regressa em força ao catálogo da Netflix, com várias perguntas que a audiência quer ver respondidas: será que Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey) vão conseguir esclarecer tudo, ou a ação de Isaac (George Robinson) fez estragos irremediáveis? Como vai reagir Jakob (Mikael Persbrandt) à gravidez surpreendente de Janet (Gillian Anderson)? O que nos espera na escola Moordale, na sequência do final explosivo que deixou o diretor Michael (Alistair Petrie) em maus lençóis?
Sex school. A realidade que encontramos em «Sex Education» bem podia ecoar um spin-off da própria série, com a escola na lama dos media na sequência dos escândalos da segunda temporada, nomeadamente por causa do alegado surto de clamídia. Uma situação agravada pelo novo livro de Janet Milburn, que não retrata os alunos na sua melhor luz, pelo menos na opinião do corpo administrativo da escola. Com medo de perder investidores e de manchar irremediavelmente a reputação de Moordale, é preciso agir. Entra Hope Haddon (Jemima Kirke): a nova diretora que, apesar de o seu nome significar “esperança”, depressa revela um lado ditatorial em potência, e até pior que Michael (é possível??).
O habitualmente awkward e introvertido protagonista Otis está numa relação com uma colega improvável (e um “bigode” igualmente invulgar), tendo de corresponder à vida exigente de um aluno popular; enquanto Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells) parecem estar numa verdadeira lua de mel (mas até quando vai durar?). No entanto, e como bem sabemos, nada é assim tão linear em «Sex Education». A série, que alia o divertimento a uma ampla discussão sobre sexualidade, comunidade e identidade individual, entre outras questões, volta mais forte do que nunca e continua a manter-se à altura das expetativas. Muito por “culpa” de um elenco heterogéneo, que conta com mais duas adições de peso: Jemima Kirke, já mencionada, e Jason Isaacs, o eterno Lucius Malfoy de Harry Potter, como Peter, o irmão de Michael, agora caído em desgraça.
Se a storyline central, focada na dinâmica entre Otis e Maeve (agora mais distantes), se desenvolve aparentemente mais devagar, há outras linhas narrativas prestes a despontar. Um novo elemento na escola, Cal (Dua Saleh), causa alguma disrupção quando se identifica como não binário, algo que não é contemplado pela visão mais conservadora de Moordale. Da mesma forma, também a educação sexual na escola recua, ilustrando, quase de forma caricatural, o tabu que durante muitos anos se viveu quando a temática sexual era abordada no ensino. Será que os alunos aprenderam bem as lições dos últimos anos e vão conseguir quebrar o sistema? Ou está lançado o pânico?
«Sex Education» não é apenas drama ou comédia, ou somente fator-choque. É a combinação ousada de um sucessão de camadas e temas, o que desperta uma conversa alargada dentro e fora da trama. Por isso, mesmo sendo focada em personagens adolescentes, tem-se revelado uma série para todas as idades. E depois, o que esperar? Os alunos principais vivem o último ano escolar, pelo que não é certo se a história vai ter continuação nos mesmos moldes, ou se vamos ter spin-off.