A série distópica protagonizada por Jason Momoa regressa hoje ao Apple TV+ para a sua segunda temporada. Dave Bautista, como Edo Voss, é a principal adição. Saiba o que a Metropolis, que viu três episódios em primeira mão, tem a dizer sobre «See».
No futuro em que «See» acontece, uma sociedade frágil e abatida tenta sobreviver sem visão. Um vírus muito grave deixou a população cega no passado e, dessa forma, a adaptação despertou todos os outros sentidos ao longo de várias décadas. Mas quando começam a surgir cada vez mais pessoas capazes de ver, marginalizados e denominados de “bruxos”, a autoridade enceta a caça e ameaça destruir localidades inteiras. Baba Voss (Jason Momoa) e o seu grupo são a voz determinante da oposição, mas fica o aviso: a sua história não é feliz. A distopia traz ao de cima o pior lado de uma sociedade quebrada e dividida em hierarquias à custa de muito sangue e castração, onde o sentido de família motiva também algumas guerras.
A primeira temporada de «See», uma das séries mais populares do streaming Apple TV+, terminou com um cliffhanger múltiplo: Haniwa (Nesta Cooper) é levada pelos homens do misterioso general Edo Voss (que na segunda temporada é interpretado pelo ex-wrester Dave Bautista), enquanto Maghra (Hera Hilmar) forma uma aliança improvável com a rainha Kane (Sylvia Hoeks). Por sua vez, Baba Voss salva Kofun (Archie Madekwe) e vinga-se de Jerlamarel (Joshua Henry), o pai dos gémeos, que ambiciona uma sociedade renovada, com visão, onde a lei da sobrevivência vai acabar por aniquilar os cegos. É o mundo de pernas para o ar.
Na companhia de Kofun e Paris (Alfre Woodard), Baba dá início a uma nova aventura entre a neve e uma banda sonora épica, que transporta a audiência para a tensão da narrativa. Há um lado muito sensorial em «See», de comportamento quase animalesco, que mostra sentidos mais apurados na ausência da visão. Sangrenta, violenta e muito visceral, é uma série que se alimenta dos sentidos, da textura dos sons ao detalhe de cada interação (até através do cheiro), e que dá primazia aos detalhes visuais. Uma experiência dos atores em ação, que têm de ser muito mais expressivos e dinâmicos, mas também do público que testemunha tudo o que acontece a cada momento – não apenas em diálogo.
O confronto entre Baba e o irmão Edo, que anseia vingar-se da morte do pai, é o ponto mais alto da temporada, ainda que seja bem calibrado ao longo do tempo. Não obstante, este não é o único embate que se espera em «See», uma vez que Baba não demora a tomar conhecimento que Maghra ainda está viva, pelo que as atenções também se viram para a rainha. E para Harlan (Tom Mison), uma figura proeminente do reino Payan, que tem motivações desconhecidas e cujo comportamento é bastante imprevisível.
Bem realizada e com um argumento bem ritmado e interessante, «See» entrega mais uma história entusiasmante e muito visual. Trata-se de uma criação de Steven Knight, mais conhecido no pequeno ecrã pelo desenvolvimento de «Peaky Blinders», e ainda pela nomeação ao Óscar de argumento por «Estranhos de Passagem» (2002).