Em «Scott Pilgrim Contra o Mundo» Edgar Wright surpreende no modo como manipula as convenções e cruza diferentes formas de arte e entretenimento para obter um filme delirante. No cerne deste chuto de adrenalina está um louco romance teen e uma grande aventura digital, carradas de acção, humor obsceno e uma BSO com o pé na tábua liderada por Beck, ele compõe o som que está por detrás dos temas da banda do nosso herói. A premissa desta fantasia adolescente é aparentemente simples: um jovem apaixona-se por uma donzela em perigo e para conquistá-la terá de derrotar os seus sete ex-namorados (um cruzamento de ninjas e super-vilões). A execução da obra é revolucionária na forma como comunga o material original (a graphic novel da Oni Press de Bryan Lee O’Malley) com a cultura pop, os videojogos e a 7ª Arte, cria-se assim algo raramente visto nos ecrãs. O enredo é enriquecido não só pela versatilidade como narra os eventos como pelo seu lado orgânico ao introduzir várias dinâmicas: os sons variados, a partir de videojogos e sistemas operativos, pontuam alegrias e frustrações, o uso de divertidas onomatopeias que reforçam a acção e uma encenação devota do estilo visual das vinhetas do comic. Este último aspecto reflecte-se na reprodução dos combates, as cores fortes, o vestuário vivo, o jogo de luz e a dinâmica de câmara. Os jovens actores interpretam o texto sem dificuldade e funcionam como uma equipa.

Título Original: Scott Pilgrim vs. the World Realização: Edgar Wright Elenco: Michael Cera, Mark Webber, Mary Elizabeth Winstead, Alison Pill, Kieran Culkin, Anna Kendrick, Aubrey Plaza, Jason Schwartzman Duração: 105 min. Reino Unido/EUA/Canadá/Japão, 2010

[Texto publicado originalmente na revista PREMIERE, Abril 2011]

https://www.youtube.com/watch?v=7wd5KEaOtm4
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