Escusado será lembrar que, no domínio artístico, um ponto de vista individual, seja ele qual for, não serve para legitimar nem condenar a decisão de um determinado colectivo — por exemplo, o ponto de vista de “um” crítico de cinema face ao palmarés atribuído pelo júri oficial de Cannes.

Assim, as decisões do júri de nove pessoas presidido por Greta Gerwig são tão pertinentes e válidas como seriam as que, nas mesmas funções, fossem tomadas por um colectivo de outras nove pessoas. Resta perguntar: o que fazemos de um filme como “Megalopolis”, de Francis Ford Coppola, ausente de qualquer menção da parte de Gerwig e seus pares?

Só posso responder em termos irremediavelmente pessoais. A saber: é, para mim, desconcertante que um objecto tão ousado e, por isso mesmo, tão inclassificável como “Megalopolis” não fique registado na memória oficial de Cannes. Porquê? Porque acredito que, daqui a 20 ou 30 anos, a maior parte das pessoas dirá que 2024 foi o ano de “Megalopolis” — escusado será acrescentar que não tenho maneira de “demonstrar” a minha crença. “Nobody’s perfect”.

João Lopes

ARTIGOS RELACIONADOS
MOTEL DESTINO

A todos dias e a todas as horas, encontra-se areia nas camas do Motel Destino, hospedaria para amores fugazes localizada Ler +

Metropolis 107

Ler revista online Descarregar PDF Metropolis 107 Esta edição da revista METROPOLIS apresenta uma ampla cobertura da 77ª edição do Ler +

POSTAL DE CANNES – 24 MAIO 2024

"Les Graines du Figuier Sauvage" — eis uma tradução possível: "As sementes da figueira selvagem" — ficará como um dos Ler +

POSTAL DE CANNES – 23 MAIO 2024

A inesquecível imagem final de "Os 400 Golpes" (1959), com Jean-Pierre Léaud a expor uma solidão radical, imensa como o Ler +

POSTAL DE CANNES – 22 MAIO 2024

À esquerda, vemos Jeremy Strong e lembramo-nos logo do seu Kendall Roy em "Succession": o olhar ansioso, a mesma crispação Ler +

Please enable JavaScript in your browser to complete this form.

Vais receber informação sobre
futuros passatempos.