À esquerda, vemos Jeremy Strong e lembramo-nos logo do seu Kendall Roy em “Succession”: o olhar ansioso, a mesma crispação do corpo, uma angústia sem fim. Dir-se-ia que, à direita, está uma figura cuja pose elegante soa a falso, de tal modo parece esgotar-se na sede de poder que o faz mover — com aquela cabeleira, poderia ser Donald Trump…
Pois bem, é o magnífico Sebastian Stan a interpretar… Donald Trump! Strong assume o papel do advogado Roy Cohn e o filme apresenta-se com o título “The Apprentice”, não porque seja uma evocação do “reality show” que popularizou Trump, antes porque o descobrimos como “aprendiz” de negócios não muito transparentes, nos anos 70/80, quando tinha como prioridade a construção da Trump Tower.
Realizado por Ali Abbasi, “The Apprentice” é um invulgar drama intimista. Nele se expõem os meandros de um comportamento que encara o mundo à sua volta como uma colecção de instrumentos descartáveis. Para quê? Para dominar os outros.
João Lopes