[Crítica originalmente publicada na revista Metropolis nº1, Agosto 2012]
No início era o Cubo – o Cubo Cósmico, uma fonte de energia e poder que transcende o mundo dos homens e que chega aos reinos das divindades, mais própriamente a Asgard, a morada dos deuses do panteão nórdico. Mas a outro nivel a saga do Cubo Cósmico – uma criação da dupla Stan Lee/Jack Kirby, os pais do grosso dos super-heróis da Marvel Comics, veio a revelar-se o veículo ideal para congregar no grande écran a maior equipa de meta-humanos de que há memória. Mas o caminho para a saga de Os Vingadores começou a ser semeado ao longo dos outros filmes recentes do panteão Marvel, especialmente «O Homem de Ferro», «Thor» e «Capitão América», onde subtilmente se começaram a desenhar os contornos da premissa deste filme. No centro da reunião destes super-heróis está Nick Fury, o director da S.H.I.E.L.D., uma agência governamental especializada em lidar com ameaças de escala global, que consegue reunir uma equipa com alguns dos mais poderosos indivíduos do planeta e também uma dupla de agentes secretos sobre-dotados. A ameaça é o Cubo Cósmico e o meio-irmão de Thor, Loki que vai trazer para a terra os Chitauri, seres de outra dimensão cujo último desígnio é a obliteração da raça humana. Para uma fita desta escala e ambição era necessário um autor de visão e a escolha de Joss Whedon, o criador de Buffy, Caçadora de Vampiros e Firefly, parece ter sido bastante acertada pois ele consegue criar uma narrativa que por um lado tem a acção e espectacularidade que se esperava, mantendo porém uma relação bastante equilibrada entre os vários protagonistas, o que não é fácil, não só no mundo a quatro cores como em Hollywood. Como todos os filmes de origem a narrativa gasta bastante tempo a reunir os vários elementos da equipa que gradualmente atingem um grau de união que lhes permite fazer frente à invasão de alienígenas de outra dimensão. Tanto em termos de produção visual como a nível de efeitos especiais «Os Vingadores» proporcionam-nos o melhor que Hollywood é capaz, que é ampliado pelo efeito 3D. Whedon balança bem o seu amor pelos comics e as personagens e as exigências comerciais de um projecto com esta dimensão. No final fica-nos uma fita de grande espectacularidade e indiscutível dinamismo que não prima pela subtileza temática ou pela psicologia das personagens mas que delicia o miúdo de 12 anos que há dentro de todos nós, que sempre imaginou como seria ver no cinema os mais fantásticos heróis da Marvel. Whedon atingiu os seus objectivos criando não só um dos maiores sucessos recentes como abrindo caminho para uma nova fornada de fitas com heróis de collants.
Título original: The Avengers Realização: Joss Whedon. Actores: Robert Downey Jr, Chris Evans, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Mark Ruffalo, Jeremy Renner, Tom Hiddleston, Cobie Smulders, Stellan Skarsgård, Samuel L. Jackson, Gwyneth Paltrow, Paul Bettany. Duração: 143 min. 2012. EUA
