Vencedor do Óscar de melhor realizador com «O Discurso do Rei», Tom Hooper adapta o musical Os Miseráveis de Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg, uma obra de palco livremente inspirada no romance de Victor Hugo. O resultado é uma versão incaracterística, com os actores a interpretarem e gravarem os temas musicais perante as câmaras e os resultados a irem do insólito (Hugh Jackman, Russell Crowe e Anne Hathaway) ao assinalável (Amanda Seyfried e Eddie Redmayne) até ao magnífico nos coros. A sequência de abertura é grandiosa e antecipa momentos magníficos, mas quando Hugh Jackman e Russell Crowe tentam cantar…o caso muda de figura. Os actores com mais traquejo espalham-se ao comprido e as excepções são os momentos de duetos com vozes que cintilam de outra forma ou com o apoio de coros.
O trabalho de direcção de arte e os valores de produção são interessantes, proporcionando enquadramentos com riqueza visual. O filme em si está dividido em cinco actos: a triste sina do ex-recluso Jean Valjean (Hugh Jackman), a obsessão do inspector Javert (Russell Crowe), a desgraça de Fantine (Anne Hathaway), a inocência de Cosette (Amanda Seyfried) e o amor de Marius (Eddie Redmayne). Pelo meio, surgem pequenas histórias de amores não correspondidos de Éponine (Samantha Barks), a “manha” dos taberneiros (Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter) e a coragem do pequeno Gavroche (Daniel Huttlestone). É frustrante que estas figuras, em duas horas e 25 minutos tenham tão pouca profundidade: à excepção dos fantasmas de Valejan e Javert, tudo o resto é plano. «Os Miseráveis» é mais um caso de uma adaptação falhada que fica a meio termo entre o musical e o cinema.
Título original: Les Misérables Realização: Tom Hooper Elenco: Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen, Helena Bonham Carter, Eddie Redmayne Duração: 158 min EUA/Reino Unido, 2012
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