Na sua 10ª edição, o mais antigo festival de cinema no feminino em Portugal, e o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo, vai ter lugar no cinema São Jorge e na Cinemateca, em Lisboa, apresentando um programa com 57 filmes oriundos de 22 países.

Nesta edição, são apresentados filmes de vários géneros cinematográficos (documentário, ficção, animação, experimental), de realizadoras que abordam temas tão variados como as questões de género, racismo, terrorismo e a radicalização, a questão do acesso à habitação, mas também, e como sempre, histórias pessoais e familiares.

À METROPOLIS, Silvia Di Marco, codiretora do Festival, explica que a novidade principal deste ano é o enfoque especial sobre as realizadoras da Turquia, disponibilizando o festival uma programação especial de 13 a 16 de novembro na Cinemateca, com uma seleção de cinco longas-metragens (ficção e documentário) e três curtas. “A programação foi feita em colaboração com a programadora e montadora turca Zelda Taskin e oferece uma amostra de filmes que nunca foram apresentados em Portugal, com a exceção de «The Watchtower», de Pelin Esmer, que foi o filme de abertura da primeira edição do Festival, em 2014”, refere a codiretora, chamando, ainda, a atenção para a longa-metragem «Dust Cloth», da realizadora curda-turca Ahu Öztürk, que estará presente no Festival.

Apostando em atividades extra programação de filmes, Silvia Di Marco sublinha, ainda, uma outra novidade: a inauguração de um Programa de Indústria, que inclui um workshop de escrita criativa para cinema, no Cinema São Jorge, dia 9 novembro, às 18h30, leccionado pela realizadora Cláudia Clemente. A realizadora portuguesa apresenta, igualmente, o seu «Quatro Mulheres ao Pé da Água», que faz a sua estreia nacional no festival Olhares do Mediterrâneo no dia 10 novembro.

Por outro lado, a masterclass sobre jornalismo e documentário, com Benedetta Argentieri, jornalista e realizadora que trabalha desde 2014 em áreas de guerra no Médio-Oriente, acontece no dia 11 de novembro, no Cinema São Jorge. A mesma profissional apresenta o documentário «The Matchmaker», no domingo, dia 12 novembro. Destaque, ainda, para o encontro sobre a programação de cinema feito por mulheres, coorganizado com a MUTIM – Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento, no dia 14 novembro, no Goethe-Institut, em Lisboa.

O Festival apresenta este ano quatro secções competitivas: Competição geral longas-metragens, Competição geral de curtas-metragens, secção Travessias, composta por filmes sobre migrações, racismo e colonialismo enquanto elementos estruturais da sociedade, e a Competição Começar a Olhar, com filmes produzidos em escolas.

E porque é que as pessoas não podem perder a edição deste ano? Silvia Di Marco responde: “Porque apresentamos filmes extraordinários, a maioria deles em estreia nacional, que muito raramente chegam aos circuitos comerciais, apesar de, muitos deles terem passados por festivais importantes”. É o caso do filme de abertura «You Resemble Me», da realizadora egípcia-americana Dina Amer, produzido por Spike Lee e Spike Jonze, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 2021, e traz em destaque o tema da radicalização a partir de uma história familiar. “Um filme com um ritmo empolgante e um “twist” final na narração. Temos muita satisfação em apresentar este filme, porque é exemplificativo do espírito que anima a programação do Festival: filmes de grande qualidade, realizados por mulheres, que contam histórias diferentes, muitas vezes íntimas, mas que abrem janelas para o mundo, levantando questões universais e desafiando-nos a pensar”, conclui a codiretora do Festival.

Um workshop de colagem com a artista Ap Silvestre, uma oficina de cantos do Mediterrâneo com as musicólogas Camilla Piccolo e Laura Venturini, lançamentos de livros, o acolhimento de três livrarias e um concerto no encerramento da secção competitiva no Cinema São Jorge são mais algumas das atividades em destaque nesta edição.

Olhares do Mediterrâneo – Women Film Festival, um projeto do grupo Olhares do Mediterrâneo e do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, decorre entre os dias 9-16 de novembro, os bilhetes têm um custo de €4 e todas as informações podem ser consultadas aqui.