«O Rei de Staten Island» foi realizado pelo rei da comédia cerebral, Judd Apatow («Um Azar do Caraças» e «Virgem aos 40 Anos») que recriou um género e despontou uma mão cheia de actores, realizadores e argumentistas que trouxeram uma lufada de ar fresco à comédia norte-americana. «O Rei de Staten Island» é provavelmente dos filmes mais indies de Apatow pelas características dramáticas e sociais que toca. Neste filme ele contou com a participação dos co-argumentistas Dave Sirus e especialmente Pete Davidson. Este último, além de co-redigir um argumento livremente inspirado na sua própria história, interpreta o papel complexo como o protagonista totalmente desvairado da cabeça numa performance pejada de humor desconcertante e emoção real.
Os temas são palpáveis e a comédia hilariante. No centro está a existência disfuncional de Scott Carlin (Pete Davidson), a sua relação com a família e a bolha de Staten Island, um lugar às portas da Big Apple, um subúrbio sem graça mas povoado de personagens estranhos e simplórios que, contudo, aprendemos a apreciar ao longo do filme pelo seu enorme coração. O restante elenco é fantástico, os actores são tão bons que transformam os personagens em figuras reais. Entre outros destaques, veja-se o trabalho de Maude Apatow, Bel Powley e Bill Burr. E o que dizer de Marisa Tomei no papel da mãe de Pete? A verdade é que a actriz está em grande forma e não se cansa de nos oferecer grandes performances. Judd Apatow é um realizador que retira o melhor do seu elenco com um argumento que equilibrou emoções distintas de uma forma divertida e natural.
Título original: The King of Staten Island Realização: Judd Apatow Elenco: Pete Davidson, Bel Powley, Marisa Tomei, Maude Apatow, Steve Buscemi, Bill Burr. Duração: 136 min. EUA/Japão, 2020