A maioria dos espectadores, pelos menos os mais velhos, vão sair da sala a pensar, com toda a razão, que já viram algo parecido há mais de 20 anos atrás realizado por um tal de Steven Spielberg. «Mundo Jurássico» não é um mau filme, aliás, segundo os elevados padrões de efeitos especiais gerados por computador não temos nada a apontar, o problema é que não se acrescenta absolutamente nada à saga. Repete-se a premissa de um parque com dinossauros que entra ruptura após um dinossauro geneticamente modificado se libertar da sua “jaula” e causar o caos. A partir deste momento vale tudo onde os predadores se tornam as presas. O espanto do espaço do mundo jurássico é substituído pelos actores e não pelas criaturas CGI, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard estão em brasa. No caso de Chris Pratt após ter arrasado em 2014 com «Os Guardiões da Galáxia» volta a carregar o filme às costas com o seu carisma de figura de proa que contracena perfeitamente com Bryce Dallas Howard trazendo à memória o charme das duplas clássicas da idade de ouro de Hollywood. É o melhor do filme. Os dinossauros são secundarizados sempre que Chris Pratt e Bryce Dallas Howard estão em cena. A par da premissa de um filme gerado para facturar ironicamente sublinha-se a necessidade de criar atrações mais letais, leia-se com mais dentes, para atrair jovens que passam mais tempo nas redes sociais do que no mundo real, a ganância das corporações que pensam tudo como fosse cifrões e tudo pode ser transformado num brinquedo de guerra, a falta de empatia entre as famílias e um herói genuíno que traz a testosterona de macho alfa para salvar o dia são os dispositivos dramáticos do argumento de Rick Jaffa e Amanda Silver. Ambos tinham feito um trabalho interessante no relançamento de “O Planeta dos Macacos” (2011/2014). O filme tem um vasto elenco internacional que faz o que pode com os seus papeis. A realização de Colin Trevorrow parece-nos algo tarefeira e algo atabalhoada em momentos críticos onde é difícil perceber o que se está a passar nas sequências de “acção”. O 3D tem os seus momentos mas já vimos muito melhor em 2015.

Estamos num ano de best-off, provavelmente histórico para o cinema, a criatividade, a originalidade e a capacidade de surpreender são elementos obrigatórios para levar os espectadores às salas e estes dinossauros soam demasiado a dejá vù. Mesmo assim para todos aqueles que se querem divertir ao jeito de uma montanha russa com alguns sustos, amor com suor à mistura e aventura com dinossauros sejam, novamente, bem-vindos ao Parque Jurássico em versão 3.0 com entretenimento q.b.

[Crítica originalmente publicada no Sapo Mag, Junho 2015]

Título original: Jurassic World Realização: Colin Trevorrow Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Ty Simpkins, Vincent D’Onofrio, Omar Sy, Irrfan Khan, Judy Greer . Duração: 124 min. EUA, 2015

https://www.youtube.com/watch?v=RFinNxS5KN4
ARTIGOS RELACIONADOS
HERÓI DE SANGUE

«Herói de Sangue» é uma história sobre dois homens senegaleses que combateram na Primeira Guerra Mundial integrados no exército francês. Ler +

ARGYLLE – ESPIÃO SECRETO

Algo faz-nos acreditar que Matthew Vaughn deseja ardentemente realizar um filme de James Bond, contudo, a saga inspirada na criação Ler +

Lupin
Lupin P3: O Derradeiro Plano de Assane Diop

De volta à Netflix para um terceiro round, «Lupin» volta a combinar uma boa dose de mistério com uma história dinâmica Ler +

Guardians of the Galaxy Volume 3
GUARDIÕES DA GALÁXIA: VOLUME 3

«Guardiões da Galáxia: Volume 3» é o melhor filme da Marvel desde «Avengers: Endgame» (2019) – o estúdio parece finalmente Ler +

The Super Mario Bros. Movie
Super Mario Bros. O Filme

Um dos mais conhecidos videojogos de todos os tempos, Super Mario, tem agora adaptação cinematográfica em forma de filme de Ler +

Please enable JavaScript in your browser to complete this form.

Vais receber informação sobre
futuros passatempos.