A Netflix e os espectadores voltaram a encontrar, em 2022, um pote de ouro de animação atrás do arco-íris com «Monstro Marinho», do realizador e co-argumentista Chris Williams. Em 2021 a Netflix estreou o brilhante «Os Mitchell Contra as Máquinas», da Sony Pictures Animation, que deveria ter ganho o Oscar de Melhor Animação. Este ano temos mais um sério candidato aos melhores prémios de animação com «Monstro Marinho», uma animação da Netlix Animation, que rivaliza com os principais gigantes da indústria. Os efeitos especiais e a animação ficaram a cargo da Sony Pictures Imageworks, que tem entre os seus projectos os efeitos especiais da saga Homem-Aranha e da animação «Vivo» (2021). Em «Monstro Marinho» foi possível aliar a proeza dos efeitos especiais/animação e narrativa que distingue esta obra. Os pormenores são fantásticos: a fluidez, a rapidez e detalhe nos personagens e sequências de acção são aspectos muito apurados. A narrativa segue a óptica de Jacob (Karl Urban) e Maisie (Zaris-Angel Hator), uma menina pequena que sonha caçar os monstros no mar, mas cedo descobre que nem sempre os dogmas que são ensinados são uma verdade absoluta. A interrogação destes princípios (os monstros são todos maus?) e o pensamento que todas as realidades podem ter ópticas diferentes levantam questões nos personagens e no público mais novo. A pedagogia e a moral narrativa como mecanismo didático e fonte de debate está bem viva nesta história. Os personagens estão em conflito no interior e com as forças exteriores. Evidentemente para aqueles que apenas desejam observar todo o fogo de artifício – leia-se, a acção e a aventura – o filme é um bilhete ideal para o escape.
Título original: The Sea Beast Realização: Chris Williams Elenco (vozes): Karl Urban, Jared Harris, Zaris-Angel Hator, Marianne Jean-Baptiste Duração: 115 min. EUA, 2022
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