[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº30, Agosto 2015]
Apetece dizer que «Mínimos» — o filme em que os bonequinhos amarelos de «Gru, o Maldisposto» (1 e 2) se tornam personagens principais — é um dos melhores filmes de animação deste Verão cinematográfico. Mas há qualquer coisa de injusto em tal formulação. Em boa verdade, talvez devamos simplificar e dizer apenas: «Mínimos» é um dos melhores filmes deste Verão. Ponto final.
Estamos, de facto, perante um universo de desenhos animados que não corresponde, nem de longe nem de perto, à vontade de apanhar o “comboio” da animação digital, reunindo algumas personagens mais ou menos divertidas em meia dúzia de sketches mais ou menos espectaculares… Nada disso: «Mínimos» é um projecto que adquiriu plena autonomia narrativa, funcionando como uma bela fábula, muito à moda antiga, sobre a constituição de um colectivo e a sua preservação, custe o que custar. Porque, de facto, os Mínimos podem andar à procura de um líder malévolo que possam servir (a acção passa-se antes dos dois filmes de Gru, funcionando como uma típica “prequela”), mas aquilo que os une são menos os desígnios do seu chefe e mais, muito mais, um tenaz e obstinado espírito de solidariedade.
Na sua linguagem indecifrável, mas fascinante — aliás servida por um leque admirável de vozes, incluindo o realizador Pierre Coffin que faz, justamente, os Mínimos —, este é um colectivo cujas alegrias e tristezas, ansiedades e celebrações possuem uma espantosa vocação universal e universalista. Para as crianças? Digamos que, para ter a certeza, convém que o espectador olhe para o seu bilhete de identidade…
Título original: Minions Realização: Kyle Balda, Pierre Coffin Elenco (Vozes): Sandra Bullock, Jon Hamm, Michael Keaton, Allison Janey, Steve Coogan Duração: 91 min. EUA, 2015
https://www.youtube.com/watch?v=P9-FCC6I7u0