Nanni Moretti volta a desdobrar-se numa multiplicidade de funções no seu último trabalho, «Minha Mãe», mas oferece a ribalta à magnífica Margherita Buy que como protagonista incute a perspectiva feminina ao drama de uma morte anunciada. O filme é um soberbo estudo sobre a dor e a perda de um ente querido. A obra foi baseada na memória do próprio Nanni Moretti que sofreu com a doença da mãe enquanto filmava «Habemos Papam». O filme lida com uma crise pessoal e a negação de Margherita (Margherita Buy) face à doença terminal da mãe (Giulia Lazzarini). Margherita é uma realizadora que está a meio da rodagem de uma obra com conteúdo político-social e que tem entre o elenco uma estrela americana manienta que se esquece dos diálogos a meio das cenas. Um papel interpretado por John Turturro, que parece ligado à corrente, num dos seus melhores desempenhos dos últimos tempos. Margherita lida ainda com a separação do seu namorado, com a filha adolescente (Beatrice Mancini) que tem maus resultados na escola e o irmão (Nanni Moretti) que abandona o trabalho para estar junto da mãe hospitalizada. Os personagens são reais e as situações verossímeis, é uma obra que não desaparece da nossa memória, e será por certo desconcertante para todos aqueles que passaram por algo semelhante. No seu coração está uma verdadeira antologia sobre a mortalidade como só Nanni Moretti sabe descrever. Bravíssimo!
Título original: Mia Madre Realização: Nanni Moretti Elenco: Margherita Buy, John Turturro, Giulia Lazzarini, Nanni Moretti Duração: 106 min. Itália/França/Alemanha, 2015
[Texto originalmente publicado na Revista Metropolis nº39, Junho 2016]
https://www.youtube.com/watch?v=c09HdaypTqM